Vertsejando com imagem - Ondas do mar de Vigo, de Martim Codax
VERSEJANDO COM IMAGEM
ONDAS DO MAR DE VIGO
Ondas do mar de Vigo,
se vistes meu amigo?
e ai Deus, se verrá cedo?
Ondas do mar levado,
se vistes meu amado?
e ai Deus, se verrá cedo?
Se vistes meu amigo,
o por que eu sospiro?
e ai Deus, se verrá cedo?
Se vistes meu amado,
o por que hei gram coidado?
e ai Deus, se verrá cedo?
Martín Codax
Tradução
Ondas do mar de Vigo
acaso vistes meu Amigo?
Queira Deus que ele venha cedo!
Ondas do mar agitado,
acaso vistes meu amado?
Queira Deus que ele venha cedo!
Acaso vistes meu amigo,
aquele por quem suspiro!
Queira Deus que ele venha cedo!
Acaso vistes meu amado,
por quem tenho grande cuidado!
Queira Deus que ele venha cedo!
Nota geral
Primeira de sete cantigas d´amigo, que a maior parte dos comentadores julga constituir um ciclo unitário (havendo diversas matizações ou discrepâncias quanto ao estatuto da sexta e da sétima cantigas, já que a sexta aparece sem música no Pergaminho Vindel, e a sétima foi aí acrescentada pelo copista musical). A unidade do ciclo seria de tipo fundamentalmente retórico, havendo uma progressão narrativa somente entre a cantiga II e a cantiga IV.
Nesta primeira cantiga, a donzela interpela as ondas do mar, perguntando-lhes se acaso sabem do seu amigo e se virá em breve (note-se, para melhor compreensão de um dos contextos possíveis deste apelo, que, na época, as viagens longas eram geralmente feitas por via marítima).
In – Cantigas Medievais Galaico-Portuguesas