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zassu

16
Mar23

Versejando com imagem - Que nunca sal da pousada, de Gil Peres Conde

VERSEJANDO COM IMAGEM

 

QUE NUNCA SAL DA POUSADA

leighton-god_speed

Quem nunca sal da pousada

pera ir em cavalgada

e quitam come mesnada

del-rei ou de Dom Fernando,

ai Deus, aquesta soldada

se lha dam por aguilhando?

 

Quem nom tem aqui cavalo

nem alhur, nem quer comprá-lo,

e quitam come vassalo

del-rei ou de Dom Fernando,

ai Deus, pois mandam quitá-lo,

se lha dam por aguilhando?

 

Quem nunca troux'escudeiro

nem comprou armas d'armeiro,

quitam come cavaleiro

del-rei ou de Dom Fernando?!

Ai Deus, tanto bom dinheiro

se lho dam por aguilhando?

 

Gil Peres Conde

 

Nota geral

Nova cantiga contra os cavaleiros oportunistas. Aqui o remoque de Gil Peres Conde dirige-se a um deles que, não se apresentando nem se armando como devia, não deixava, mesmo assim, de receber pagamento, ou soldada. A ironia reside sobretudo na curiosa expressão popular do refrão que refere essa soldada, se lha dam por aguilhando, expressão que remeterá para os donativos concedidos em determinadas festividades (e que talvez possamos entender como o nosso atual "bodo aos pobres").. É também percetível uma crítica velada, se não ao rei, pelo menos aos seus funcionários administrativos.

Pelas referências feitas ao Infante D. Fernando, primogénito de Afonso X, a composição terá sido certamente composta entre 1268, ano do seu casamento, e 1275, ano da sua morte.

09
Mar23

Versejando com imagem - non é amor en cas de Rei, de Gil Peres Conde

VERSEJANDO COM IMAGEM

NON É AMOR EN CAS DE REI

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Non é Amor en cas de Rei,
ca o non pod'hom'i achar
aa cea nen ao jantar;
a estas horas o busquei
nas pousadas dos privados;
preguntei a seu prelados
por Amor, e non o achei.

Tẽen que o non sab'el-Rei;
que Amor aquí non chegou,
que tant'hogano del levou
e non vẽo; ben o busquei
nas tendas dos infanções
e nas dos de criações,
e er dizen todos: «Non sei».

Perdud'é Amor con el-Rei,
porque nunca en hoste vén,
pero xe dele algo ten.
Direi-vos eu u o busquei:
antr'estes freires tempreiros,
ca ja os hespitaleiros
por Amor non preguntarei.

Gil Peres Conde

Nota geral

O repetido lamento de Gil Peres Conde face à sua má estrela em Castela toma agora o tom do sirventês moral, para denunciar o ambiente em cas d´el-rei, onde o Amor (no sentido medieval de solidariedade e entreajuda) seria desconhecido. Note-se que o trovador parece abrir uma exceção final para a ordem dos Templários. Nestas circunstâncias, não é impossível que a cantiga tenha sido composta nos anos finais do reinado de Afonso X, e no contexto do conflito entre o monarca e o seu herdeiro e sucessor, o infante D. Sancho, já que tudo leva a crer que Ordem do Templo foi a única cuja fidelidade à causa do Rei Sábio nunca sofreu qualquer quebra (ao contrário das restantes Ordens militares, que, ou se colocaram decididamente ao lado do infante, ou tiveram um comportamento flutuante, como foi exatamente o caso dos Hospitalários, igualmente referidos).

In - Cantigas Medievais Galego Portuguesas

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