Versejando com imagem - Aos tristes, de Conde de Monsaraz
VERSEJANDO COM IMAGEM
AOS TRISTES
Uma criança que salta,
Que canta, que ri e chora,
É uma risonha aurora
Que o coração nos esmalta.
Triste daquele a quem falta,
Na vida que se evapora,
Uma criança que salta,
Que canta, que ri e chora.
Se o desalento me assalta,
Se a doença me devora,
Dá-me uma estranha melhora,
Que me anima e que me exalta.
Uma criança que salta,
Que canta, que ri e chora!
CONDE DE MONSARAZ
(1853-1913)
António de Macedo Papança, Conde de Mansaraz. Seu triunfo definitivo nas letras somente alcançou em 1880, em Coimbra, quando à Sala dos Capelos da Universidade foi recitar, por ocasião da festa comemorativa do Centenário da Morte de Camões, o seu poemeto «Catarina de Ataíde». Nessa ocasião provocou um delírio de aclamações por parte de todos os ouvintes. Seu nome ficou consagrado como dos primeiros líricos da sua geração e as estrofes do seu poemeto foram vulgarizadas em extremo pelos meios literários do País.
Em 1882, por ocasião do Centenário do Marquês de Pombal, publica «O Grande Marquês», poemeto também, e logo a seguir «A Lenda do Jesuitismo», ambos reunidos no volume «Telas Históricas». Mais tarde escreve «Do Último Romântico» e «Páginas Soltas». Todas estas composições foram reunidas em 1909 em 2 volumes sob o título de «Obras do Conde de Monsaraz». Foi deputado às Cortes de Lisboa e Par do reino, em 1898. Pertencia à Academia Real das Ciências de Lisboa.