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26
Mar21

Palavras Soltas... - Património Histórico e cultural e turismo cultural e religioso

PALAVRAS SOLTAS...

 

PATRIMÓNIO HISTÓRICO E CULTURAL E TURISMO CULTURAL E RELIGIOSO

2017.- Fotografia noturna Porto (julho) (28) 

Os bens de natureza material e imaterial que expressam ou revelam a memória e a identidade das populações e comunidades consideram-se património histórico e cultural.

 

Todos os bens culturais de valor histórico, artístico, científico e simbólico são passíveis de se tornarem em atracão turística, como sejam, arquivos, edificações, conjunto urbanísticos, sítios arqueológicos, ruínas, museus, espaços destinados à apresentação ou contemplação de bens materiais i imateriais; bem assim, manifestações como música, gastronomia, artes visuais e cénicas, festas, celebrações, eventos culturais, quer englobem manifestações temporárias, enquadráveis ou não, na definição de património, como eventos gastronómicos, religiosos, musicais, de dança, de teatro, de cinema, exposições de arte, de artesanato e outros ( Brasil, 2006).

 

O património, como interpretação do passado, é uma recriação da história, que emana visões essencialistas do passado e neutraliza as contingências históricas (Peralta, 2003).

 

O legado patrimonial é, assim, “um legado falsificado para fins de identificação coletiva, apesar de beber nos factos históricos e na diversidade cultural os motivos para a sua formulação” (Peralta, 2003: 86). Tem, assim, um uso de identificação simbólica.

 

Para além dos fins de identificação simbólica, o património serve também, intrinsecamente, os propósitos de quem ativa esses repertórios patrimoniais, ou seja, serve fins políticos, quando fornece os símbolos que “favorecem a coesão social ao mesmo tempo que legitima as instituições sociais que emanam estes mitos ma medida em que suprimem a contradição e a tensão dialéticas desfragmentadoras da realidade e a contestação” (Peralta, 2003: 86).

 

Por outro lado, o património tem ainda um outro uso. Por via do seu aproveitamento turístico, ou uso económico, “no contexto de uma sociedade «pós-tradicional», nostálgica e carente de elementos de identificação coletiva, confere ao património uma nova vitalidade” (Peralta, 2003: 87).

 

A dimensão mais explicitamente utilitária do património, como é a turística, convive com as duas anteriores numa relação de complementaridade e de retro alimentação, pois os referentes simbólicos fornecem os motivos que alimentam a indústria turística e a indústria turística recria os elementos culturais e a própria história, emanando novos referentes simbólicos que dão substância à imaginação coletiva (Peralta, 2003: 86), integrando-se naquilo a que Hobsbawm designa na nova “mitologia retrospetiva” que sobre o património é erigida e acrescentando-lhes novos elementos.

 

Sendo a autenticidade um constructo, o património que é inventado para satisfazer a procura turística não é menos autêntico do que aquele que é resgatado de um «corpus» cultural, nem a cultura que resulta desse processo de recriação será, como refere Santana Talavera (1998: 39), uma cultura «bastarda».

 

O património constrói-se, «ativa-se» (Llorenç Prats, 1997:31), significando que toda a operação de construção ou de ativação patrimonial comporta em si mesma um propósito ou finalidade, uma idealização construída por uma sociedade sobre quais são os seus próprios valores culturais, revelando, por conseguinte, a sua identidade coletiva, veiculando uma consciência e um sentimento de grupo, para os próprios e para os demais, erigindo, nesse processo, fronteiras diferenciadoras que permitem manter e preservar a identidade coletiva.

 

É uma síntese simbólica permeável às flutuações da moda e aos critérios de gostos dominantes e matizada pelo figurino intelectual, cultural e psicológico de uma época, que compreende todos aqueles elementos que fundem a identidade de um grupo e que os deferencia dos demais (Santana Talavera, 1998: 37). Como diz Geertz (2000: 91), os símbolos são “fontes extrínsecas de informação”, “que enunciam a pertença a um nós por contraponto a uma não pertença a um outro(Peralta, 2003: 87).

 

Cultura e Turismo

A cultura, entendida como “a totalidade ou o conjunto da produção, de todos o fazer humano de uma sociedade, suas formas de expressão e modos de vida” (Brasil, 2006: 9) foi, desde sempre, uma das principais razões para viajar.

 

A relação entre cultura e turismo fundamenta-se em dois pilares: o primeiro, na existência de pessoas motivadas em conhecer culturas diversas; o segundo, na possibilidade do turismo servir como instrumento de valorização da identidade cultural, da preservação e conservação do património, e da promoção económica de bens culturais.

 

Turismo cultural implica a motivação do turista de, especificadamente, vivenciar o património histórico e cultural bem assim determinados eventos, experienciando-os, e preservando a sua integridade.

 

Vivenciar implica, essencialmente, duas formas de relação do turista com a cultura ou algum aspeto da mesma:

  1. Conhecimento – no sentido de aprender e entender o que se visita;
  2. Experiências participativas, contemplativas e de entretenimento – que ocorrem aquando da visita.

 

Muitos locais que são importantes legados artísticos e arquitetónicos de religiões e crenças são compartilhados pelos interesses sagrados e profanos dos turistas.

 

Turismo Cultural e Religioso

Turismo cultural compreende as atividades turísticas relacionadas com a vivência do conjunto de elementos significativos do património histórico e cultural e dos eventos culturais, valorizando e promovendo os bens materiais e imateriais da cultura.

 

Turismo religioso implica a existência de atividades turísticas decorrentes da busca espiritual e da prática religiosa em espaços e eventos relacionados com religiões institucionalizadas.

 

A busca espiritual e a prática religiosa caracterizam-se pelo deslocamento a locais e para a participação em eventos para fins de:

  • Peregrinações e romarias;
  • Retiros espirituais;
  • Festas e comemorações religiosas;
  • Apresentações artísticas de carácter religioso;
  • Encontros e celebrações relacionadas com a evangelização dos fiéis;
  • Visita a espaços e edificações religiosas (igrejas, templos; santuários…);
  • Realização de itinerários e percursos de cunho religioso e outros.

 

As viagens motivadas pelo interesse cultural ou pela apreciação estética do fenómeno ou do espaço religioso serão aqui consideradas como turismo cultural.

2017.- Passeio pedonal urbano rio Tâmega (19)

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