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15
Jul15

Grande Guerra (1914-1918) - 59

 

 

A GRANDE GUERRA (1914-1918)

E A PARTICIPAÇÃO DOS MILITARES DO RI 19 E DO ALTO TÂMEGA NO CONFLITO

 

PRIMEIRA PARTE

CONTEXTO INTERNACIONAL

(DA PLACIDEZ TECTÓNICA AO MOVIMENTO DAS PLACAS) 

 

 

CONSIDRAÇÕES FINAIS

 

3.- Do entusiasmo inicial aos números da horrenda chacina

Douaumont_ossuary3.jpg

Quando no verão de 1914 estalou a Grande Guerra, toda uma geração de jovens da Europa e dos territórios europeus em outras partes do mundo saiu alegremente à rua para celebrar a chegada do acontecimento que transformaria as suas vidas para sempre. Pouquíssimos suspeitavam do alcance das transformações. Só alguns conseguiram voltar a casa, carregados de todo o tipo de feridas físicas, psíquicas e espirituais, e muitos dos que regressaram foram incapazes de se adaptar a uma sociedade civil da qual tinham deixado de fazer parte quatro anos antes. “O que viveram estes homens? Porque se entregaram tantos e tão entusiasmados a uma hecatombe sem precedentes? Como reagiram perante o que encontravam na frente da batalha? [...] Estas perguntas [...] a história tradicional, a Grande História, não deu respostas durante décadas [...] Por isso recorreram às fontes que nos falam deles, recuperando para a posteridade uma autêntica torrente de cartas, diários e memórias dos combatentes. Este rico material revelou-se a pedra de toque para compreender a dimensão humana do drama que foi a Grande Guerra [...] A tarefa de resgatar a memória não oficial da guerra está apenas no início, e embora não conheçamos por igual a situação das tropas em todas as frentes do conflito, o que se recuperou até agora permite-nos dar voz aos que sofreram e escutar, arrepiados, o seu relato” (Canal da História, 2013: 216).

Foi esse também o nosso intento.

Na verdade, “o que foi desencadeado não era uma guerra com a que se conhecia até então, mas sim uma guerra industrial em grande escala. A aplicação direta do desenvolvimento industrial e dos seus progressos à guerra teve como resultado a multiplicação do armamento, a logística e a produção bélica mais impressionante que até então se conheciam. Nas palavras do professor Niall Ferguson, «a guerra converteu-se, como muitos contemporâneos esperavam, numa máquina colossal, que devorava homens e munições como matéria-prima». Esta carnificina mecanizada fez com que o número de baixas (tanto de militares como de civis, embora o sofrimento e o número de vítimas da população civil não tenha comparação com a Segunda Guerra Mundial) se contasse por centenas de milhares desde os primeiros meses” (Canal da História, 2013: 222).

A principal condicionante da evolução da humanidade no século XX foi a violência. Aqueles 100 anos têm a duvidosa honra de terem sido o período mais violento de toda a História, em tempo contínuo, “que acolheu o maior número de vítimas e sobretudo o nascimento de novas e esmagadoras formas de infligir danos e matar. A aplicação direta do desenvolvimento industrial e dos seus progressos à guerra deu como fruto a nódoa mais terrível que a consciência humana alberga, uma nódoa indelével, que nos afeta a todos e cuja memória há que preservar se não quisermos repetir os erros do passado” (Canal da História, 2013: 213).

Se, porventura, o desencadeamento da Grande Guerra de 1914-1918 foi o resultado do domínio exercido pelas novas tecnoestruturas sobre o pensamento ou os desígnios da política, tal «progresso» aprecia-se pelos seus resultados.

Diz Martin Gilbert: “Na Primeira Guerra Mundial morreram mais de 9 milhões de soldados de Infantaria, Marinha e Força Aérea. Calcula-se que morreram também 5 milhões de civis em consequência da ocupação, de bombardeamentos, fome e doenças (...)

Entre 1914 e 1918, desenvolveram-se duas guerras muito diferentes. A primeira foi uma guerra de tropas de Infantaria, Marinha e Força Aérea, de marinheiros de marinha mercante e de populações civis sob ocupação, em que o sofrimento individual e a angústia atingiram uma escala massiva, em particular nas trincheiras da linha da Frente. A segunda, foi uma guerra de Gabinetes de Guerra e de soberanos, de propagandistas e idealistas, repletos de ambição e ideais políticos e territoriais, que determinaram o futuro dos impérios, nações e povos, de modo tão contundente como no campo da batalha. Houve momentos, particularmente em 1917 e 1918, em que a combinação da guerra dos exércitos com a guerra das ideologias conduziu à revolução e à capitulação, e à emergência de novas forças nacionais e políticas. A guerra alterou o mapa do destino da Europa da mesma forma que cauterizou a sua pele e deixou marcas na sua alma” (Gilbert,2007: 13-14), determinando o fim da hegemonia de um continente, como já enfatizámos.

A destrutividade da Grande Guerra (Primeira Guerra Mundial), em termos de números de soldados mortos, excedeu a de todas as outras guerras conhecidas da história.

A lista seguinte dá o número dos que foram mortos em combate ou que morreram devido a ferimentos recebidos em combate. Os números são inevitavelmente aproximados, e não referem todas as vítimas da guerra. No caso da Sérvia, morreram mais civis (82 000) do que os soldados que figuram na lista. No exército dos Estados Unidos, morreram mais soldados devido à gripe (62 000) do que os que foram mortos em combate. O número de Arménios massacrados entre 1914 e 1919 foi mais de 1 milhão. O número de civis alemães que morreram como resultado do bloqueio Aliado calcula-se em mais de 750 000.

O número de mortos na guerra entre os principais beligerantes, de acordo com estimativas mínimas, foi o seguinte:

Alemanha                                                      1 800 000

Rússia                                                           1 700 000

França                                                           1 284 000

Áustria-Hungria                                             1 290 000

Grã-Bretanha                                                   740 000

Itália                                                                 615 000

Roménia                                                          335 000

Turquia                                                            325 000

Bulgária                                                             90 000

Canadá                                                             60 000

Austrália                                                            59 000

India                                                                  49 000

Estados Unidos                                                 48 000

Sérvia                                                                45 000

Bélgica                                                              44 000

Nova Zelândia                                                  16 000

África do Sul                                                       8 000

Portugal                                                              7 000

Grécia                                                                 5 000

Montenegro                                                        3 000

As Potencias Centrais, as derrotadas da guerra, perderam 3 500 000 soldados nos campos de batalha. As Potencias Aliadas, as vencedoras, perderam 5 100 000.

Em média, morreram mais de 5 600 soldados em cada dia de guerra. O facto de terem sido mortos 20 000 soldados britânicos no primeiro dia da batalha do Somme, é frequentemente recordado com horror. Em média, morreram um número semelhante de soldados em cada período de quatro dias da Primeira Guerra Mundial” (Gilbert, 2007: 793-794).

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