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zassu

19
Jun15

Grande Guerra (1914-1918) - 53

 

 

 

A GRANDE GUERRA (1914-1918)

E A PARTICIPAÇÃO DOS MILITARES DO RI 19 E DO ALTO TÂMEGA NO CONFLITO

 

PRIMEIRA PARTE

CONTEXTO INTERNACIONAL

(DA PLACIDEZ TECTÓNICA AO MOVIMENTO DAS PLACAS) 

 

V

AS FRENTES DE COMBATE

(OU AS GRANDES ONDAS DE CHOQUE)

 

7.2.- Médio Oriente (Mesopotâmia, Cáucaso e Pérsia)

A entrada da Turquia na guerra abriu um novo e complexo teatro de operações no Médio Oriente. Pese embora a guerra-santa aberta pelo sultão Mehmet V, a presença britânica na região era justificada pela defesa dos seus múltiplos interesses. Desde logo, para controlar a navegabilidade do Canal do Suez, essencial à manutenção da rota marítima mais curta para a Índia e restantes domínios asiáticos; depois as novas viaturas de explosão e, de um modo especial, os novos couraçados - os Dreadnoughts - consumiam grandes quantidades de combustível, sendo estrategicamente decisivo o controlo dos campos petrolíferos do Golfo Pérsico.

Com a Turquia como inimiga, as posições britânicas na região estavam perigosamente ameaçadas, obrigando a Grã-Bretanha a concentrar na ilha do Bahrein a 6ª divisão Indiana, antevendo a necessidade de se empenhar na região da Mesopotâmia.

Nesta conjuntura, a Grã-Bretanha viu-se na obrigação de manter uma postura mais ofensiva em relação à Turquia. E é neste pressuposto que, a 7 de novembro de 1914, a força expedicionária britânica estacionada em Bahrein bombardeou as instalações portuárias turcas no Golfo Pérsico, desembarcando, seguidamente, na região de Shatt el-Arab, na confluência do rio Tigre com o Eufrates.

A 9 de dezembro as tropas britânicas apoderam-se de Basra, prosseguindo para noroeste.

Para proteção do Canal do Suez, em janeiro de 1915, o exército britânico no Egito era composto por 70 000 homens, muitos deles provenientes de parcelas do império como a Austrália, Índia e Nova Zelândia.

Os turcos, com a ajuda técnica alemã, preparavam-se para invadir o Egito, convictos que, com tal ação, desencadeariam uma revolta interna contra a presença britânica. O 4º exército turco, sob o comando de Ahmed Cemal, ia munido de pontões especiais, fabricados na Alemanha, para lhe facilitar a travessia do Canal do Suez. A 3 de fevereiro de 1915, a aproximação do 4º exército turco foi detetado junto a Ismailia por um avião francês de reconhecimento. As tropas britânicas de aviso prepararam-se para o ataque. Apesar dos combates ao longo do Canal do Suez se terem prolongado por uma semana, só um pelotão turco conseguiu efetuar o lançamento de um pontão. O insucesso do ataque e a indiferença da população egípcia ordenou a retirada das tropas turcas.

A situação no interior do Império Otomano agravou-se ainda mais com o início da revolta árabe contra o domínio de Constantinopla, liderada pelo Faisal ibn-Hussein, Xarife de Meca.

No Cáucaso - de longe a mais importante pelos efetivos em presença - a campanha de inverno de 1914-1915 revelou-se desastrosa para os turcos. A ação do exército russo e as severas condições meteorológicas originaram 77 000 baixas, de um total de 95 000 homens.

Na Mesopotâmia, entretanto, a força anglo-indiana aí desembarcada prosseguiu avanço até ao vale do rio Tigre, na direção de Bagdad. Em novembro, a sua guarda-avançada atingiu Ctesiphon, a 30 Km da atual capital do Iraque. O comandante da força, major-general Charles Townshend, apesar de não se encontrar ameaçado por nenhuma força inimiga com potencial de combate significativo, entendeu - erradamente - que o seu dispositivo estava muito alongado e decidiu recuar até Kut el-Amara e entrincheirar-se numa enorme e pronunciada curva do rio Tigre. O exército turco teve mais que tempo para o cercar - a sua divisão anglo-indiana -, isolando-a e impedindo-a de receber reforços do Golfo Pérsico. Perante esta situação, Townshend rende-se a 29 de abril de 1916. Só em fins de 1916 é que uma expedição, com cerca de 200 000 homens e que dominam a situação, tomando a iniciativa na Mesopotâmia.

Do Báltico ao Golfo Pérsico

Na primavera de 1916, graças à conquista da Sérvia pelas Potências Centrais, já com o alinhamento ativo da Bulgária, o esforço de guerra turco passou a dispor de uma ligação ferroviária entre a Alemanha e Constantinopla. A geografia da guerra, no que toca ao aspeto terrestre, dava uma clara vantagem e domínio para as Potências Centrais. Do Báltico ao Golfo Pérsico dominavam as nações lideradas pela Alemanha.

A resistência dos Aliados era, cada vez mais, face ao impasse e mortandade em série no Ocidente, o resultado da sua superioridade naval. Não admira, portanto, que a guerra submarina sem restrições fosse, para alguns responsáveis alemães, uma hipótese crescentemente ponderada e acarinhada. Como, de facto, em 1917, veio a acontecer.

Entretanto, na Mesopotâmia, o general Maude, em fevereiro de 1917, numa nova expedição anglo-indiana, reconquistou Kut el-Amara e prosseguiu para noroeste até se aproximar de Bagdad. A 11 de março, toma conta de Bagdad e continuou a ofensiva para norte a fim de se juntar às forças russas que combatiam no Cáucaso.

As tropas britânicas estacionadas no Egito, consolidadas que estavam as suas posições na península do Sinai, tentam, entre março e abril de 1917, atacar os turcos em Gaza e Beetheba. Mas o insucesso da ofensiva levou a que Londres substituísse o general Mauray pelo general Allenby.

O general Allenby,

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até então integrado na FEB, na Frente Ocidental, levava como missão a conquista de Jerusalém até ao Natal. Para o cumprimento deste objetivo tinha um efetivo reforçado de 88 000 homens, aos quais se juntaram meios navais e aéreos relevantes para que a operação tivesse sucesso. A 31 de outubro de 1917, os britânicos obtêm uma significativa vitória sobre Gaza e Beesheba, prosseguindo para norte apoiados por meios navais ao longo da costa. Allenby entra em Jerusalém a 9 de dezembro de 1917. Para o sucesso desta operação deve-se aqui enfatizar o contributo de duas grandes personalidades: o Faisal ibn-Hussein, Xarife de Meca e o domínio que teve sobre o eixo definido pela linha férrea Medina-Damasco, e o apoio dos serviços secretos britânicos, personalizados na figura lendária do capitão Thomas Edward Lawrence, o famoso Lawrence da Arábia,

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um profundo conhecedor da cultura árabe e convicto defensor da sua causa, vestindo trajes tradicionais árabes, e que soube mobilizar as tribos da península arábica contra o domínio turco, apoiando, política e militarmente, o general Allenby nas operações da conquista da Palestina.

Lawrence da Arábia, para além da sua lendária façanha e enorme conhecimento da cultura árabe, foi um escritor de invulgar talento. Sua figura e ação ficou imortalizada no cinema.

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