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zassu

21
Mai15

Grande Guerra (1914-1918) - 31

 

 

A GRANDE GUERRA (1914-1918)

E A PARTICIPAÇÃO DOS MILITARES DO RI 19 E DO ALTO TÂMEGA NO CONFLITO

 

PRIMEIRA PARTE

CONTEXTO INTERNACIONAL

(DA PLACIDEZ TECTÓNICA AO MOVIMENTO DAS PLACAS) 

 

V

AS FRENTES DE COMBATE

(OU AS GRANDES ONDAS DE CHOQUE)

 

 

2.4.3.- 1917: Continua o impasse. A tragédia continua

2.4.3.1.- Ardor da vitória, colapso do moral, incertezas e novas esperanças

 

Longe já ia o tempo em que a guerra podia ser «ligada e desligada» em função da vontade de meia dúzia de líderes. O tempo da «guerra ministerial» (Stone) tinha passado à História.

Nesta altura, os estadistas bem depressa se aperceberam que, com a conscrição de massas; as enormes perdas em mortes, feridos, prisioneiros e material de guerras, nos campos de batalha; o ódio feroz ao inimigo (mais criado pela propaganda) e a emergência de um «monstro», que nenhum poder político podia ignorar - a opinião pública - tornou-se impensável acabar a guerra com a simples assunção «de que tudo não tinha passado de um gigantesco engano».

E a tragédia agudizou-se porque, cada um dos lados, considerava inteiramente possível vencer o seu adversário.

Com as mudanças político-militares nos finais de 1916, tudo para aí apontava: era a postura claramente ofensiva de Nivelle, com novas táticas, como as suas «barragens rastejantes», por parte dos franceses; a firme determinação de Lloyd George, do lado britânico, de ganhar a guerra com um KO à Alemanha e a nova dupla Hindenburg-Ludendorff, os militares que vinham com uma enorme áurea da sua atuação na Frente Oriental, tomando conta não só da guerra mas também militarizando, mais que nunca, o país. Assim, outra coisa não se esperava senão a continuação da guerra. Inventando novas táticas, novas armas e constantes, e renovados, métodos.

Era patente, no espírito dos Altos Comandos germânicos que, continuando as coisas como estavam, a Ocidente não poderia haver mudança e só se podia esperar, dia-a-dia, e cada vez mais, impasse e mortandade sem qualquer efeito útil e pedaço de terra conquistado minimamente significativo.

No primeiro semestre de 1917, face à pouca eficácia das ofensivas encetadas e ao mesmo padrão de mortandades, os franceses colapsam e quase metade das suas unidades sublevam-se. A vigorosa unidade patriótica que se via na partida para a frente de batalha em 1914, em 1917, tinha desaparecido e outra coisa não se desejava senão a paz. Por milagre que as Potências Centrais não se aperceberam deste moral tão em baixo pois bem poderiam nesta altura, com uma iniciativa de envergadura, ter ganho a guerra.

Na verdade, no final de 1917, as Potências Centrais estavam à beira da vitória. Conscientes que, com a ajuda dada ao alastramento dos motins nos exércitos russos, nomeadamente levando Lenine - o líder da revolução bolchevique - da Suíça para o território russo para provocar mais a insurreição interna e a saída da Rússia da guerra - o que veio a verificar-se com o Tratado de Brest Litovsk; tendo obtido um enorme sucesso na Frente Balcânica e no Império Otomano, com a ajuda aos turcos, só faltava, pois, ganhar a Ocidente.

Para isso, haveria que recorrer a outros métodos, já que no palco das operações militares no terreno não se atava nem desatava. E já acima nos referimos a um deles: o método de asfixia pelo uso da guerra submarina, agora irrestrita. Os alemães, com a vitória quase assegurada nas outras frentes, e com este método, estiveram a um passo de ganhar a guerra.

Mas a guerra submarina «até às últimas consequências» teve, para as Potências Centrais, um efeito perverso ao não ponderarem devidamente a entrada dos Estados Unidos na guerra. Pelo menos deveriam ter ponderado o imponderável - o que não foi feito.

Já em 1915, os alemães ao tentarem a guerra submarina irrestrita, e provocarem o afundamento do navio norte-americano Lusitania, face aos veementes protestos americanos, arrepiaram caminho. Desta vez estavam mesmo decididos a ir para a frente, não se importando no rude golpe que estavam a dar à economia norte-americana, e confiantes de que estes, declarando-lhes guerra, não viriam a tempo de ajudar os Aliados porque, entretanto, a guerra terminaria pela asfixia da Grã-Bretanha.

E jogaram tudo. Arthur Zimmermann, o novo Secretário dos Negócios Estrangeiros, considerou que a intervenção americana - com uma marinha enorme, mas sem um exército -, apesar de tudo, teria de ser contrariada. Berlim, sabendo dos problemas que os Estados Unidos tinham com o México, encorajou este país a atacar os Estados Unidos. Foi, para o efeito, redigido um telegrama sugerindo aos mexicanos uma eventual aliança com a Alemanha e, já agora, porque não inquirir junto do micado japonês se não estaria interessado em aderir ao clube? Não contou Zimmermann que os serviços de Informações navais britânicos escutavam a sua linha e decifraram os seus códigos. O almirante britânico Hall copiou o telegrama e enviou-o, através da linha alemã, que os britânicos conheciam, para conhecimento dos norte-americanos.

Diz Stone que este telegrama, que o próprio Zimmermann não desmentiu, foi o «bilhete de suicídio» final da Alemanha.

Do lado dos Aliados, principalmente dos britânicos, havia também muita determinação. Por fim, face ao pânico que a guerra submarina irrestrita estavam provocando, acabaram por encontrar meios de a neutralizar ou, pelo menos, de a fortemente minimizar.

Quando os Estados Unidos declararam guerra à Alemanha e, a partir de 1918, não constituindo a guerra submarina irrestrita já grande ameaça para o transporte de tropas, chegavam ao porto de Boulogne 200 000 americanos, por mês.

Os Aliados só teriam que fazer um último esforço, resistindo, até que esta ajuda preciosa estivesse efetivamente operacional.

As ofensivas levadas a cabo durante o ano de 1917, quer por Nivelle quer por Douglas Haig, quase iam destruindo ambos os exércitos, tamanha a envergadura em número de perdas para quase nenhum avanço com verdadeiro significado.

Nivelle, um general oriundo de artilharia, acreditava que a guerra poderia ser outra vez de movimento se a artilharia fosse usada de forma adequada. Depois de se ter dado prioridade à indústria militar, em detrimento das exportações, como já antes tinham feito os alemães, os canhões eram aos milhares e as munições aos milhões. E havia novas e aperfeiçoadas armas disponíveis. Nomeadamente os aviões “que em 1914 eram muito dados a avarias e serviam apenas para avistar grandes massas de homens - com bom tempo - começavam a florescer. Os pilotos já podiam disparar contra o inimigo por cima do nariz do aparelho sem perigo de acertarem na hélice, e os monoplanos começaram a substituir os velhos biplanos. A fotografia aérea era muito mais precisa, e estava inventado o tanque (Stone, 2010: 131). Por outro lado, as comunicações de artilharia tinham melhorado e a «barragem rastejante», que Nivelle achava que seria ela a vencer a guerra, começava a tornar-se padrão. As táticas de infantaria estavam modificando-se - nada de avanços em vagas e, muito menos, nos grandes aglomerados de 1914 e 1915, mas sim em pequenos grupos, avançando, diagonalmente, de cratera em cratera, com uma parte, disparado sobre o inimigo o para cobrir o avanço da outra.

Mas vejamos, como tudo isto, ao longo do ano, na Frente Ocidental, se comportou.

 

2.4.3.2.- Linha Hindenburg

 

A linha de trincheiras da Frente Ocidental, fixada em finais de 1914 e inícios de 1915, não se modificou. Apenas teve aperfeiçoamentos. Mas a experiência dizia aos beligerantes que ocupavam algumas posições vulneráveis e dispendiosas. Aguentavam-se simplesmente por uma questão de prestígio. “A Ypres britânica e a Verdun francesa estavam cercadas de três lados e os defensores sofriam fogo de flanco (Stone, 2010: 132). Do lado alemão, a linha era desnecessariamente longa. Estendia-se “sem qualquer valor estratégico, num bojo enorme, do campo de batalha do Somme a Chemin des Dames “ (Stone, 2010: 132).

Durante o inverno de 1916-1917, particularmente de 9 de fevereiro a 18 de março, os alemães recuaram numa profundidade de 55 Km, na chamada Operação Alberich, desfazendo, assim, aquele saliente.

Esta nova linha defensiva, como se pode ver no mapa passou a designar-se por linha Wotan e Siegfried, mas os Aliados preferiram chamar-lhe de Linha Hindenburg.

Mapa 6.jpg

Os Aliados, por seu turno, no início de Abril, aproximaram-se das novas posições germânicas, com a construção das suas linhas de defesa.

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