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zassu

21
Mai15

Grande Guerra (1914-1918) - 29

 

A GRANDE GUERRA (1914-1918)

E A PARTICIPAÇÃO DOS MILITARES DO RI 19 E DO ALTO TÂMEGA NO CONFLITO

 

PRIMEIRA PARTE

CONTEXTO INTERNACIONAL

(DA PLACIDEZ TECTÓNICA AO MOVIMENTO DAS PLACAS) 

 

V

AS FRENTES DE COMBATE

(OU AS GRANDES ONDAS DE CHOQUE)

 

 

c).- Retalhos de memória destas duas batalhas

 

The_Second_Battle_of_Ypres.jpg

Não resistimos aqui em contar, na primeira pessoa, as memórias daqueles combatentes, quer em Verdun, quer no Somme. Refere Gilbert: “Um dos que serviam no 24º Regimento era o segundo tenente, Alfred Joubaire. Tinha vinte e um anos de idade. Pouco dias antes marchara para Verdun atrás da sua banda do regimento, ao som de «Tipperary». A 23 de Maio, escreveu no seu diário: «A Humanidade está louca! Tem de ser louca para fazer o que está a fazer. Que massacre. Que cenas de horror e carnificina! Não consigo encontrar palavras para expressar as minhas impressões. O inferno não pode ser tão terrível. Os homens estão loucos!». Foram as últimas palavras que Joubaire escreveu no seu diário. Nesse dia, ou no dia seguinte, foi morto por um projétil alemão disparado de uma das 2 200 peças de artilharia que os alemães tinham concentrado no saliente” (2007: 380).

O correspondente de guerra Philip Gibbs, na Batalha do Somme, conta-nos que quando os alemães avançavam em direção às trincheiras britânicas, “«ombro a ombro, como barra sólida», tal espetáculo não passava de um «puro suicídio» [...] «Vi os nossos homens a por as suas metralhadoras em ação, e o lado direito da barra viva a desfazer-se; depois toda a linha caiu na erva chamuscada. Seguiu-se outra linha. Seguiu-se outra linha. Eram homens altos, e não hesitavam enquanto avançavam, mas pareceu-me que caminhavam como se estivessem conscientes de que se dirigiam para a morte. Morreram. A semelhança é um lugar-comum, mas era exatamente como se uma gadanha invisível os tivesse ceifado»” (Gilbert, 2007: 422).

Num outro passo, Gibbs comentou: “«Vitória!... Alguns dos alemães mortos eram rapazes, demasiado novos para serem mortos por crimes de velhos; outros, eram novos os velhos, mas não conseguia saber pelos rostos, eram apenas massas de carne amassada com uniformes em farrapos. Havia pernas e braços soltos, sem o tronco na proximidade»” (Gilbert, 2007: 399).

Canal da História (2013: 250) refere que “No primeiro dia da Batalha do Somme (1 de julho de 1916) quando os ingleses lançavam um enorme ataque suicida em que sofreram 55 000 baixas, chegou um momento em que os atiradores das metralhadoras alemãs se sentiram enjoados pela carnificina que estavam a cometer e negaram-se a continuar a premir o gatilho. Os oficiais resolveram a crise, obrigando-os com a pistola apontada a continuar o fogo, embora muitos os tenham feito enquanto as lágrimas lhes escorriam pelas faces”.

British_39th_Siege_Battery_RGA_Somme_1916.jpg

E, quanto à Batalha do Somme, refere Martin Gilbert: “No Somme, a guerra de desgaste, mais do que a guerra de penetração, tornou-se o triste padrão de luta para os exércitos anglo-franceses. Era uma guerra de bosques, matas, vales, ravinas e aldeias ganhos e perdidos, novamente tomados e novamente perdidos” (2007: 422). Uma inutilidade!

Going_over_the_top_01.jpg

Stone refere que C. S Forester escreveu uma novela «Yhe General», “na tentativa de compreender a mente das altas patentes que tornava possível o que se tinha passado. E observou que os generais da Frente Ocidental estavam a tentar parafusar um parafuso à martelada, e quando o parafuso resistia davam-lhe com mais força. A necessidade acabou por mostrar como deveria ser travado aquele tipo de batalha, mas o processo de aprendizagem foi longo e sangrento” (2010: 112).

René Arnaud, ao sair em 1916 da primeira linha de Verdun, deixou anotado no seu diário: “«Talvez esta indiferença seja o melhor estado em que uma pessoa que se encontra em combate possa sentir: agir por hábito e por instinto, sem esperança e sem medo. O prolongado período de sentimentos exacerbados acabou por aniquilar a capacidade de sentir»” (Canal da história, 2013: 256).

63.jpg

(Volume de munições de artilharia gastas num dia) 

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