Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]

zassu

24
Mar23

Versejando com imagem - As frores do meu amigo, de Pai Gomez Charinho

VERSEJANDO COM IMAGEM

AS FRORES DO MEU AMIGO

Knarr-

 

As frores do meu amigo

briosas van no navío

E van-se as frores

d'aquí ben con meus amores!

Idas son as frores

d'aquí ben con meus amores!

 

As frores do meu amado

briosas van eno barco!

E van-se as frores

d'aquí ben con meus amores!

 Idas son as frores

d'aquí ben con meus amores!

 

Briosas van no navío

pera chegar ao ferido.

 E van-se as frores

d'aquí ben con meus amores!

 Idas son as frores

d'aquí ben con meus amores!

 

Briosas van eno barco

pera chegar ao fossado.

 E van-se as frores

d'aquí ben con meus amores!

 Idas son as frores

d'aquí ben con meus amores!

 

Pera chegar ao ferido,

servir mí, corpo velido.

 E van-se as frores

d'aquí ben con meus amores!

 Idas son as frores

d'aquí ben con meus amores!

 

Pera chegar ao fossado,

servir mí, corpo loado.

 E van-se as frores

d'aquí ben con meus amores!

Idas son as frores

d'aquí ben con meus amores!

 

Pai Gomez Charinho

 

20
Mar23

Versejando com imagem - Ua pastora se queixava, de D. Dinis

VERSEJANDO COM IMAGEM

UMA PASTORA SE QUEIXAVA

William+Adolphe+Bouguereau+-+small+shepherdess+

Ua pastor se queixava

muit' estando noutro dia,

e sigo medês falava

e chorava e dizia

com amor que a forçava:

par Deus, vi-t' en grave dia,

ai amor!

 

Ela s' estava queixando,

come molher con gram coita

e que a pesar, des quando

nacera, non fôra doita,

por en dezia chorando!

Tu non és se non mia coita,

ai, amor!

 

Coitas lhi davam amores,

que non lh' eran se non morte,

e deitou-s' antr' uas flores

e disse con coita forte:

Mal ti venha per u fores,

ca non és se non mia morte,

ai, amor!

 

Dinis

Nota geral

Pastorela na qual o trovador, descreve, apenas como espetador (sem nunca intervir), as reações de uma pastora apaixonada. O retrato é o de uma donzela lamentando-se e chorando, até porque pouco habituada a mágoas de amor, e que acaba, prostrada, por se deitar «entre umas flores».

19
Mar23

Versejando com imagem - Ai amiga, semprr'havedes sabor, de Pero Mafaldo

VERSEJANDO COM IMAGEM

AI AMIGA, SEMPR’HAVEDES SABOR

images

Ai amiga, sempr'havedes sabor

de me rogardes por meu amigo

que lhi faça bem; e bem vos digo

que me pesa, mais, já por voss'amor,

farei-lh'eu bem; mais de pram nom farei

quant'el quiser, pero bem lhi farei.

 

Vós me rogastes mui de coraçom

que lhi fezesse bem algũa vez,

ca me seria mesura [e] bom prez,

e eu, por vosso rogo e por al nom,

farei-lh'eu bem; mais de pram nom farei

quant'el quiser, pero bem lhi farei.

 

Rogastes-mi, amiga, per bõa fé,

que lhi fezesse todavia bem

por vós, e, pois vós queredes, convém

que o faça, mais, pois que assi é,

farei-lh'eu bem; mais de pram nom farei

quant'el quiser, pero bem lhi farei.

 

Pero Mafaldo

 

Nota geral

Dirigindo-se a uma amiga, a donzela mostra-se disposta a ceder aos seus constantes pedidos no sentido de deixar de tratar mal o seu amigo e de o favorecer de algum modo. Assim, por amor desta sua amiga, ela irá fazer bem ao seu amigo, mas não tanto quanto ele quiser.

In – Cantigas Medievais Galego-Portuguesas 

17
Mar23

Versejando com imagem - Cantiga de amigo, de Vasco Fernandez Praga de Sandin

VERSEJANDO COM IMAGEM 

 CANTIGA DE AMIGO

original

 Cuidades vós, meu amigo, ca vos nom quer'eu mui gram bem,

e a mi nunca bem venha, se eu vejo no mundo rem

 que a mi tolha desejo

de vós, u vos eu nom vejo.

 

E, maca'lo vós cuidades, eno meu coraçom vos hei

tam grand'amor, meu amigo, que cousa no mundo nom sei

que a mi tolha desejo

de vós, u vos eu nom vejo.

E nunca mi bem queirades, que mi será de morte par

se souberdes, meu amigo, ca poss'eu rem no mund'achar

que a mi tolha desejo

de vós, u vos eu nom vejo.

Vasco Fernandez Praga de Sandin

VASCO-FERNANDEZ-PRAGA-DE-SANDIN

Nota geral

Sabendo que o seu amigo pensa que ela não o ama, a moça sossega-o: não há nada no mundo que lhe consiga tirar o desejo que dele tem.

VASCO FERNANDEZ PRAGA DE SANDIN ( Portugal )

Trovador de origem galega (talvez originário de Parga, na atual província de Lugo), radicado em Portugal. Citado nas inquirições de 1258 como possuindo bens da região de Guimarães, Vasco Fernandes Praga deveria ter já uma idade relativamente avançada na época, como refere Resende de Oliveira (uma vez que um seu cunhado, Vasco Martins, já tinha netos nessa altura). O seu período de atividade deverá ter decorrido, portanto, na primeira metade do século XIII (o que coincide com a colocação das suas cantigas nos cancioneiros.

16
Mar23

Versejando com imagem - Que nunca sal da pousada, de Gil Peres Conde

VERSEJANDO COM IMAGEM

 

QUE NUNCA SAL DA POUSADA

leighton-god_speed

Quem nunca sal da pousada

pera ir em cavalgada

e quitam come mesnada

del-rei ou de Dom Fernando,

ai Deus, aquesta soldada

se lha dam por aguilhando?

 

Quem nom tem aqui cavalo

nem alhur, nem quer comprá-lo,

e quitam come vassalo

del-rei ou de Dom Fernando,

ai Deus, pois mandam quitá-lo,

se lha dam por aguilhando?

 

Quem nunca troux'escudeiro

nem comprou armas d'armeiro,

quitam come cavaleiro

del-rei ou de Dom Fernando?!

Ai Deus, tanto bom dinheiro

se lho dam por aguilhando?

 

Gil Peres Conde

 

Nota geral

Nova cantiga contra os cavaleiros oportunistas. Aqui o remoque de Gil Peres Conde dirige-se a um deles que, não se apresentando nem se armando como devia, não deixava, mesmo assim, de receber pagamento, ou soldada. A ironia reside sobretudo na curiosa expressão popular do refrão que refere essa soldada, se lha dam por aguilhando, expressão que remeterá para os donativos concedidos em determinadas festividades (e que talvez possamos entender como o nosso atual "bodo aos pobres").. É também percetível uma crítica velada, se não ao rei, pelo menos aos seus funcionários administrativos.

Pelas referências feitas ao Infante D. Fernando, primogénito de Afonso X, a composição terá sido certamente composta entre 1268, ano do seu casamento, e 1275, ano da sua morte.

15
Mar23

Versejando com imagem - Se eu pudersse desamar, de Pero da Ponte

VERSEJANDO COM IMAGEM

SE EU PUDESSE DESAMAR

trovadorismo-imagem

Se eu podesse desamar

a quen me sempre desamou,

e podess'algún mal buscar

a quen me sempre mal buscou!

Assí me vingaría eu,

se eu podesse coita dar,

a quen me sempre coita deu.

 

Mais sol non posso eu enganar

meu coraçón que m'enganou,

por quanto me fez desejar

a quen me nunca desejou.

E per esto non dormio eu,

porque non poss'eu coita dar,

a quen me sempre coita deu.

 

Mais rog'a Deus que desampar

a quen m'assí desamparou,

vel que podess'eu destorvar

a quen me sempre destorvou.

E logo dormiría eu,

se eu podesse coita dar,

a quen me sempre coita deu.

 

Vel que ousass'eu preguntar

a quen me nunca preguntou,

por que me fez en si cuidar,

pois ela nunca en min cuidou.

E por esto lazeiro eu,

porque non poss'eu coita dar,

a quen me sempre coita deu.

Pero da Ponte

Tradução

Se eu pudesse desamar a quem só me desamou,

e pudesse um mal buscar a quem mal só me buscou!

Assim me vingaria eu,

Se pudesse mágoas dar a quem mágoas só me deu.

 

Mas só não posso enganar coração que me enganou,

pois que me faz desejar a quem não me desejou.

E por isso não durmo eu,

Pois não posso mágoas dar a quem mágoas só me deu.

 

Rogo a Deus desamparar a quem me desamparou,

ou que possa eu perturbar a quem só me perturbou.

E logo dormiria eu,

Se pudesse mágoas dar a quem mágoas só me deu.

 

Talvez ouse perguntar a quem não me perguntou,

Por que ela me a fez cuidar se ela nunca me cuidou.

E por isto padeço eu,

Pois não posso eu mágoas dar a quem mágoas só me deu.

Nota

A cantiga de Pero da Ponte -  Se eu pudesse desamar -, desenvolve a temática da coita e da submissão, ainda que indesejada, ao sentimento amoroso, expressa principalmente pela condicional que inicia o refrão bipartido: se eu podesse coita dar, / a quem me sempre coita deu (1ª e 3ª coplas) e porque nom poss’eu coita dar, / a quem me sempre coita deu (2ª e 4ª coplas). A oscilação entre o eu e o ela presente no refrão (eu podesse / (ela) deu; nom poss’eu / (ela) deu) enfatiza a inexorabilidade do destino que faz com que o poeta seja prisioneiro do desejo de provocar na sua senhor, senão o mesmo amor, pelo menos a mesma coita que o atormenta.

É interessante observar que toda a cantiga está construída sobre o artifício do mozdobre: desamar/desamou; buscar/buscou; enganar/enganou; desejar/desejou; desampar/desamparou; destorvar/destorvou; perguntar/perguntou; cuidar/cuidou, compondo um lamento (lazeiro) em que o trovador joga com lugares fixos — o lugar da coita amorosa e o lugar da senhor — desejando ser possível inverter tais papéis, e receber a coita, ao invés de sofrê-la. Entretanto, o rogo a Deus para que desampara a ela, quem m’assi desamparou, encontra na condicional do refrão ‘se eu podesse coita dar’ uma esperança mínima que é rebatida pela conclusão de ‘porque nom poss’eu coita dar, / a quem me sempre coita deu’.

O trovador não é livre para deixar de desamar a quem sempre o desamou, entretanto, de sua coita nasce a cantiga de amor que será cantada nas cortês palacianas, pondo à prova sua mestria e seu bom trovar. Resta-nos perguntar: que amor é esse de que se fala, codificado em fórmulas fixas e topos estereotipados?

 

14
Mar23

Vertsejando com imagem - Ondas do mar de Vigo, de Martim Codax

     VERSEJANDO COM IMAGEM

 ONDAS DO MAR DE VIGO

hqdefault

Ondas do mar de Vigo,

se vistes meu amigo?

e ai Deus, se verrá cedo?

                                              

Ondas do mar levado,

se vistes meu amado?

e ai Deus, se verrá cedo?

                                              

Se vistes meu amigo,

o por que eu sospiro?

e ai Deus, se verrá cedo?

                                              

Se vistes meu amado,

o por que hei gram coidado?

e ai Deus, se verrá cedo?

Martín Codax

Tradução

Ondas do mar de Vigo

acaso vistes meu Amigo?

Queira Deus que ele venha cedo!

Ondas do mar agitado,

acaso vistes meu amado?

Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amigo,

aquele por quem suspiro!

Queira Deus que ele venha cedo!

Acaso vistes meu amado,

por quem tenho grande cuidado!

Queira Deus que ele venha cedo!

Nota geral

Primeira de sete cantigas d´amigo, que a maior parte dos comentadores julga constituir um ciclo unitário (havendo diversas matizações ou discrepâncias quanto ao estatuto da sexta e da sétima cantigas, já que a sexta aparece sem música no Pergaminho Vindel, e a sétima foi aí acrescentada pelo copista musical). A unidade do ciclo seria de tipo fundamentalmente retórico, havendo uma progressão narrativa somente entre a cantiga II e a cantiga IV.

Nesta primeira cantiga, a donzela interpela as ondas do mar, perguntando-lhes se acaso sabem do seu amigo e se virá em breve (note-se, para melhor compreensão de um dos contextos possíveis deste apelo, que, na época, as viagens longas eram geralmente feitas por via marítima).

InCantigas Medievais Galaico-Portuguesas 

Martin-Codax1

13
Mar23

Versejando com imagem - Rosa das rosas et fror das frores, de Afonso X

VERSEJANDO COM IMAGEM

ROSA DAS ROSAS ET FROR DAS FRORES

CANTIGA X
[ESTA É DE LOOR DE SANTA MARÍA, COM'É FREMOSA E BÕA E Á GRAN PODER]

Alfonso_X_el_Sabio 

Rosa das rosas et Fror das frores,

Dona das donas, Sennor das sennores,

Rosa de beldad’ e de parecer

e Fror d’alegria e de prazer,

Dona en mui piadosa seer,

Sennor en toller coitas e doores.

Rosa das rosas et Fror das frores...

 

Atal Sennor dev’ ome muit’ amar,

que de todo mal o pode guardar;

e pode—ll’ os peccados perdõar,

que faz no mundo per maos sabores.

  Rosa das rosas et Fror das frores...

 

Devemo—la muit’ amar e servir,

ca punna de nos guardar de falir;

des i dos erros nos faz repentir,

que nos fazemos come pecadores.

  Rosa das rosas et Fror das frores...

 

Esta dona que tenno por Sennor

e de que quero seer trobador,

se eu per ren poss’ aver seu amor,

dou ao demo os outros amores.

Rosa das rosas et Fror das frores...

 

Afonso X

1b9dcab8-cf97-49e2-8d1f-947eb3b15102

 

12
Mar23

Versejando com imagem - A pastorela cavalgava noutro dia, de João Peres de Aboim

VERSEJANDO COM IMAGEM

A PASTORELA CAVALGAVA NOUTRO DIA

the-shepherdess-1873_530x@2x

"Cavalgava noutro dia

 per um caminho francês

 e ũa pastor siia

 cantando com outras três

 pastores, e nom vos pês,

 e direi-vos todavia

 o que a pastor dizia

 aas outras em castigo:

 Nunca molher crea per amigo,

 pois s'o meu foi e nom falou migo.

 

 Pastor, nom dizedes nada,

 diz ũa delas entom,

 Se se foi esta vegada,

 ar verrá-s'outra sazom,

 e dirá-vos por que nom

 falou vosc', ai bem talhada;

 e é cousa mais guisada

 de dizerdes com'eu digo:

«Deus, ora gram veesse o meu amigo,

e haveria gram prazer migo».

 

João Peres de Aboim

Nota geral

Uma pastorela na qual, ao contrário do habitual, o cavaleiro/trovador não intervém, limitando-se a observar um grupo de pastoras a cantar e a conversar. Na primeira estrofe, depois desta apresentação geral, uma delas canta, em forma de aviso às restantes, uns versos em que conclui, pois, o amigo se foi embora sem se despedir, que nenhum é de fiar. Na segunda estrofe, uma outra pastora, não concordando com esta visão tão pessimista, contrapõe que ele decerto em breve regressará, concluindo também com uns versos, mas estes alegremente esperançosos.
É possível que estes dois dísticos que terminam as estrofes fossem citações de cantigas de amigo alheias e conhecidas. Infelizmente, não conseguimos localizá-las, se bem que, na obra de D. Dinis, encontremos uma cantiga cujo refrão tem semelhanças com o primeiro destes dísticos (nunca molher deve, bem vos digo,/ muit´a creer per juras d´amigo). A composição tem ainda o interesse suplementar de incluir uma referência explícita ao célebre Caminho Francês, o caminho internacional que conduzia a Santiago de Compostela.

In - Cantigas Medievais Galego Portuguesas

11
Mar23

Versejando com imagem - Em grave dia, senhor, que vos vi, de João Soares Coelho

VERSEJANDO COM IMAGEM

EM GRAVE DIA, SENHOR, QUE VOS VI

images

Em grave dia, senhor, que vos vi,

por mi e por quantos me querem bem!

E por Deus, senhor, que vos nom pês en!

E direi-vos quanto per vós perdi:

perdi o mund'e perdi-me com Deus,

e perdi-me com estes olhos meus,

e meus amigos perdem, senhor, mim.

 

E, mia senhor, mal dia eu naci

por tod'este mal que me por vós vem!

Ca per vós perdi tod'est'e o sem

e quisera morrer e nom morri;

ca me nom quiso Deus leixar morrer

por me fazer maior coita sofrer,

por muito mal que me lh'eu mereci.

 

Ena mia coita, pero vos pesar

seja, senhor, já quê vos falarei,

ca nom sei se me vos ar veerei:

tanto me vej'em mui gram coit'andar

que morrerei por vós, u nom jaz al.

Catade, senhor, nom vos éste mal,

ca polo meu nom vos venh'eu rogar.

 

E ar quero-vos ora conselhar,

per bõa fé, o melhor que eu sei

- metede mentes no que vos direi:

quem me vos assi vir desamparar

e morrer por vós, pois eu morto for,

tam bem vos dirá por mi "traedor"

come a mim por vós, se vos matar.

 

E de tal preço guarde-vos vós Deus,

senhor e lume destes olhos meus,

se vos vós en nom quiserdes guardar!

 

  João Soares Coelho
Trovador medieval

Nacionalidade - Portuguesa

Notas biográficas

Trovador português, ainda descendente, por via bastarda, de Egas Moniz e dos senhores de Ribadouro, João Soares Coelho terá nascido nos anos iniciais da segunda década do século XIII, tendo sido criado, provavelmente, em Cinfães. A primeira notícia que temos dele, datada de 1235, localiza-o, no entanto, no Alentejo, testemunhando um documento do infante D. Fernando de Serpa (irmão mais novo do rei D. Sancho II), plausivelmente como seu cavaleiro e vassal. É possível, pois, que João Soares tenha acompanhado o percurso do infante por esses anos, percurso que o leva primeiro a Roma, em 1238, onde vai implorar perdão ao Papa pelos variados atropelos por si e pelos seus homens cometidos contra os bispos de Lisboa e da Guarda, e que o leva em seguida a Castela, entre 1240 e 1243, como vassalo do rei D. Fernando III, seu primo direito. Segundo José Mattoso, D. Fernando de Serpa terá chegado a integrar a hoste do infante herdeiro, D. Afonso (futuro Afonso X), o que fornece um contexto credível para as relações de proximidade que são visíveis entre João Soares Coelho e os trovadores e jograis que fazem parte, por essa época, do círculo do infante castelhano. Casou, de qualquer modo, por esses anos, com Maria Fernandes de Ordéns, dama galega de uma linhagem relativamente obscura.
Regressando o infante de Serpa a Portugal em 1243, não sabemos se João Soares o terá ou não acompanhado. São esses igualmente os anos do agravar do conflito que conduziu à guerra civil portuguesa, durante a qual, e enquanto foi vivo, o infante de Serpa tomou o partido do seu outro irmão, o Conde de Bolonha. Da posição de João Soares no conflito nada sabemos de concreto. Seja como for, a partir de 1249, João Soares aparece-nos na corte portuguesa do novo rei, Afonso III, onde passa a ter uma presença constante, recebendo mesmo em doação, em 1254, a vila de Souto de Riba Homem. A sua proximidade com o monarca comprova-se também pela ascensão social da sua família, nomeadamente pelo facto de o seu filho, Pero Coelho, ter sido mais tarde meirinho-mor de D. Dinis. É possível que tenha falecido pouco depois de 1279, data do último documento conhecido em que figura.
Acrescente-se, como pormenor curioso, que, segundo os Livros de Linhagens (LL 36CD), duas das suas filhas foram assassinadas pelos respetivos maridos por mao preço. Num registo diferente, note-se ainda que um dos seus netos, Estêvão Peres Coelho, foi igualmente trovador.

In - Cantigas Medievais Galego Portuguesas

 

 

Pág. 1/2

Sobre mim

foto do autor

Pesquisar

Subscrever por e-mail

A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.

Comentários recentes

Arquivo

    1. 2024
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2023
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2022
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2021
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2020
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2019
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2018
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2017
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2016
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2015
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2014
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2013
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D
    1. 2012
    2. J
    3. F
    4. M
    5. A
    6. M
    7. J
    8. J
    9. A
    10. S
    11. O
    12. N
    13. D

Em destaque no SAPO Blogs
pub