PALAVRAS SOLTAS
IBÉRIA - TERRA DE SANCHOS E D. QUIXOTES
![01.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (101) 01.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (101)]()
Para a reportagem das Torres da Límia, a 10 de fevereiro passado, fomos até à Porqueira, no vale da Baixa Límia, onde se encontra a Torre com o mesmo nome (ou da Forxa).
Para além do nosso inseparável amigo, nestes périplos pela Ibéria galega, acompanhou-nos, desta vez, sua mulher, Délia, e uma amiga fotógrafa, Anxo.
A Torre da Porqueira (ou da Forxa) fica na povoação/sede do concello da Porqueira, no lugar da Forxa.
Trata-se de um concello pequeno, com 6 parroquias e, segundo os Censos do INE e IGE (Institutos de Estatística de Espanha e da Galiza), em 2014, possuía 931 habitantes.
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Nesta povoação/sede de concello, destaca-se o seu casario típico, rural,
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(Ângulo I)
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(Ângulo II)
mas velho,
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(Aspeto I)
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(Aspeto II)
e algumas casas em ruínas.
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(Aspeto I)
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(Aspeto II)
Mas, para além da sua Torre, o que mais se evidencia são os seus «hórreos» (espigueiros)
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(Cenário I)
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(Cenário II)
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(Cenário III)
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(Cenário IV)
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(Cenário V)
Não deixámos de contemplar este exemplar, rodeado das couves, ditas galegas.
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Depois de termos passado uns momentos nesta «aira» (eira) de espigueiros, dirigimo-nos para a Torre, no Cimo do Povo.
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Enquanto efetuávamos o pequeno percurso, à nossa direita, apresentava-se-nos a Igreja Matriz, a uns metros de distância.
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Aproximámo-nos.
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Apenas conseguimos obter imagem de parte da sua fachada principal
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e da fachada de um edifício contíguo que supomos ser a residência paroquial (Rectoral),
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bem assim, ao redor do adro da Igreja, no seu «Campo Santo» (cemitério), este enorme mausoléu.
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Até que nos aproximámos do lugar da Forxa, onde se localiza uma das mais faladas (e preservadas) Torres da Límia.
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Subimos até à plataforma onde a Torre se ergue,
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observando-a pelos seus diferentes ângulos. Aqui se apresentam quatro.
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(Ângulo I)
![23.-2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (68) 23.-2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (68)]()
(Ângulo II)
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(Ângulo III)
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(Ângulo IV)
Do alto da plataforma em que a Torre assenta, eis os panoramas que se observam para a veiga (chaira) da Límia, em conjunto com o casario do Cimo do Povo da Porqueira.
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(Panorama I)
![27.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (71) 27.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (71)]()
(Panorama II)
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(Panorama III)
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(Panorama IV)
Aqui e ali vão-se reconstruindo as casas: umas, para habitação própria;
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outras, para turismo rural.
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Enquanto as senhoras desciam para o Fundo do Povo, nós, passando por uma velha capelinha
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e por mais edifícios em ruínas,
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(Edifício I)
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(Edifício II)
procurámos ir ver os soutos
![35.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (92) 35.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (92)]()
(Perspetiva I)
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(Perspetiva II)
e depois dirigirmo-nos às cascatas da Fírbeda.
![36.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (93) 36.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (93)]()
Pablo, curioso com a cena que via à sua frente,
![37.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (96) 37.- 2020.- Ponte Porqueira+Ponteliñares (A Limia-Galiza) (96)]()
meteu souto foro e, amigo que é de dar dois dedos de conversa, dirigiu-se a este «Tio», que, expectante, já esperava por ele.
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Deixamos aqui como testemunho, três momentos da conversa havida entre o amigo Pablo e o «Tio limiano». O senhor bem disse o seu nome, mas, para aqueles, como nós, que não estamos habituados a ouvir e lidar com nome tão estranho, não nos ficou na memória; por isso, vamos passar a tratá-lo por «Tio limiano».
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(Momento I)
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(Momento II)
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(Momento III)
Afinal, que de especial teve (ou tem) este senhor e a sua conversa para aportarmos este encontro e deixarmos de ir às cascatas?
É muito simples. «Tio limiano» é um maior (ancião) de 101 anos. Como se vê, ainda «fresco»! Apenas vai para casa para comer as suas refeições e dormir. Quanto ao restante tempo, ocupa-o nas suas propriedades. Nunca tem paragem, dizia-nos depois um dos seus sobrinhos. E, mesmo quando não tem que fazer nas terras, não fica em casa – dá a volta ao termo da aldeia.
Fomos dar com ele, debaixo daquela frágil estrutura, a plantar kiwis machos, que um seu amigo de Xinzo lhe tinha dado.
Andar pelas terras e cuidar delas é o que mais gosta. É o seu maior prazer. No meio da natureza sente-se o homem mais feliz do mundo!
Despedimo-nos do «Tio limiano».
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E as cascatas lá terão de ficar para uma outra ocasião…
A atitude e o exemplo deste «maior» deixou-nos a pensar.
E, ao chegarmos a casa, de imediato, veio-nos à lembrança um texto aqui postado neste blogue a 4 de fevereiro de 2013, sob o título «Entre «os Poemas Ibéricos (de Torga) e a «Mensagem» (de Pessoa) – Ao encontro de um Portugal com os pés bem assentes na terra».
Deixemos aqui, ma vez mais, as palavras que, face à postura e atitude do «Tio limiano», mais nos prenderam.
Miguel Torga afirmava que a Ibéria é um corpo magro, pobre, «saibroso e franciscano». Mas materno, a que os seus filhos que mamaram nas suas tetas de pedra devem fidelidade eterna.
Somos humildes filhos de uma mãe rude e pobre, a Ibéria, mas dotada de uma grandeza de que nos devemos orgulhar. É ao seu apelo que devemos acudir, não ao do mar, qual sereia traiçoeira. Por isso, Torga exorta Sancho a que regresse ao seu arado.
O último poema do livro «Poemas Ibéricos» termina assim:
“Venha o Sancho da lança e do arado
E a Dulcineia terá, vivo a seu lado,
O senhor D. Quixote verdadeiro!”
Para o nosso grande poeta transmontano, M. Torga, o verdadeiro herói é o Sancho, o humilde herói coletivo da luta do quotidiano da vida contra a morte.
Partir é sempre perder-se de si próprio. Optar pelo «barco» é ser infiel à raiz.
Fernando Pessoa é sempre pelo «barco» contra a raiz. Mas Pessoa explica, depois em prosa, o que queria dizer com a sua mensagem na «Mensagem», ou seja, que os portugueses se afirmassem no presente de uma forma que fosse equivalente das Descobertas do passado. Não apenas no domínio do ser, não do ter.Como então. Por isso, incita os seus concidadãos a reencontrarem-se em «Nós, Portugal, o poder ser».
Face ao tempo dramático por que passamos, deixamos aqui, mais uma vez, a reflexão que, já em 2013, deixámos postada:
Na miragem do cravo e da canela e de outras índias e oiro de outros brasis, fomo-nos esquecendo da lição dos dois grandes mestres da nossa portugalidade, de ser português: sonhar com os pés bem assentes na terra, no nosso terrunho, recuperando, «com o arado em punho, a terra que, pelo nosso descuido, incúria e negligência, nos está sendo «roubada» e desenvolvendo, todos, toda ela – do mar à montanha; da planície ao planalto; do norte ao sul; do litoral ao interior. Numa nova gesta que nos faça, de novo, dignos do nobre nome que, ao longo dos tempos, nossos antepassados tão bem sonharam, erguendo e preservando – Portugal.
«Tio limiano», nascido no mesmo berço da mesma Ibéria a que pertencemos, tendo em conta a evolução dos tempos, deve servir-nos de guia e exemplo – de amor ao terrunho onde nascemos, cuidando carinhosamente dele…