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zassu

11
Mar20

Ao Acaso... Covas do Barroso num adeus final, com palavras de Miguel Torga

 

AO ACASO…

 

COVAS DO BARROSO NUM ADEUS FINAL, COM PALAVRAS DE MIGUEL TORGA

 

20200311_123041

Imagem de Nossa Senhora de Rocamador, em pedra de ançã

 

Foi uma circunstância triste a que hoje nos levou até Covas de Barroso.

 

Enquanto nos dirigíamos para aquela aldeia, lembrávamo-nos de uma visita que, juntamente com os nossos amigos habituais da fotografia por terras do Barroso, no dia 30 de março de 2018, em pleno dia de chuva, depois de uma noite a nevar, fazíamos aquele povo.

 

Hoje, Ao Acaso… ocorreu-nos a lembrança daquela célebre passagem de Miguel Torga, no seu Diário XV, a 8 de setembro de 1987, 

2018.- Barroso-Boticas (Campos, Covas e Vilar) (176)

que está aposta junto do forno do povo.

2018.- Barroso-Boticas (Campos, Covas e Vilar) (135)

Para uma mais fácil leitura, reproduzamo-la:

Uma bonita imagem de Nossa Senhora de Rocamador na igreja matriz,

20200311_120816

Igreja Martriz, com características românicas

20200311_120525

Pormenor da «torre» sineira, separada do corpo da igreja

e o forno do povo ainda quente e a reacender da última fornada. Um lavrador, quando me viu ougado, meteu a navalha a uma broa e fartou-me. O comunitarismo, por estas bandas, não é uma palavra vã. Significa solidariedade ativa em todos os momentos. Até a fome turística tem direito ao pão da fraternidade”.

 

Naquele dia 30 de março de 2018 não foi uma côdea de pão que comemos. Dada a proximidade da Páscoa, fartámo-nos com um naco quente de folar.

 

No dia de hoje – é à hora do meio dia – foram poucas as almas com nos cruzámos, numa espécie de apelo ao silêncio, ao profundo recolhimento e à paz eterna daquele cujas cinzas levávamos para ficar junto dos «seus».

 

Não te podiam encontrar melhor «regaço», na terra dos teus antanhos, para descansares em paz, Pedro!

10
Mar20

Versejando com imagem - A Lágrima, Guerra Junqueiro

 

VERSEJANDO COM IMAGEM

 

A LÁGRIMA

2020.- Amendoeiras em flor - De Freixo a Moncorvo (10)

Manhã de Junho ardente. Uma encosta escavada,

Seca, deserta e nua, à beira d'uma estrada.

 

Terra ingrata, onde a urze a custo desabrocha,

Bebendo o sol, comendo o pó, mordendo a rocha.

 

Sobre uma folha hostil duma figueira brava,

Mendiga que se nutre a pedregulho e lava,

 

A aurora desprendeu, compassiva e divina,

Uma lágrima etérea, enorme e cristalina.

 

Lágrima tão ideal, tão límpida, que ao vê-la,

De perto era um diamante e de longe uma estrela.

 

Passa um rei com o seu cortejo de espavento,

Elmos, lanças, clarins, trinta pendões ao vento.

 

- "No meu diadema, disse o rei, quedando a olhar,

Há safiras sem conta e brilhantes sem par,

 

"Há rubins orientais, sangrentos e doirados,

Como beijos d'amor, a arder, cristalizados.

 

"Há pérolas que são gotas de mágoa imensa,

Que a lua chora e verte, e o mar gela e condensa.

 

"Pois, brilhantes, rubins e pérolas de Ofir,

Tudo isso eu dou, e vem, ó lágrima, fulgir

 

"Nesta c'roa orgulhosa, olímpica, suprema,

Vendo o Globo a teus pés do alto do teu diadema!"

 

E a lágrima deleste, ingénua e luminosa,

Ouviu, sorriu, tremeu, e quedou silenciosa.

 

Guerra Junqueiro

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