Ao Acaso... Covas do Barroso num adeus final, com palavras de Miguel Torga
AO ACASO…
COVAS DO BARROSO NUM ADEUS FINAL, COM PALAVRAS DE MIGUEL TORGA
Imagem de Nossa Senhora de Rocamador, em pedra de ançã
Foi uma circunstância triste a que hoje nos levou até Covas de Barroso.
Enquanto nos dirigíamos para aquela aldeia, lembrávamo-nos de uma visita que, juntamente com os nossos amigos habituais da fotografia por terras do Barroso, no dia 30 de março de 2018, em pleno dia de chuva, depois de uma noite a nevar, fazíamos aquele povo.
Hoje, Ao Acaso… ocorreu-nos a lembrança daquela célebre passagem de Miguel Torga, no seu Diário XV, a 8 de setembro de 1987,
que está aposta junto do forno do povo.
Para uma mais fácil leitura, reproduzamo-la:
“Uma bonita imagem de Nossa Senhora de Rocamador na igreja matriz,
Igreja Martriz, com características românicas
Pormenor da «torre» sineira, separada do corpo da igreja
e o forno do povo ainda quente e a reacender da última fornada. Um lavrador, quando me viu ougado, meteu a navalha a uma broa e fartou-me. O comunitarismo, por estas bandas, não é uma palavra vã. Significa solidariedade ativa em todos os momentos. Até a fome turística tem direito ao pão da fraternidade”.
Naquele dia 30 de março de 2018 não foi uma côdea de pão que comemos. Dada a proximidade da Páscoa, fartámo-nos com um naco quente de folar.
No dia de hoje – é à hora do meio dia – foram poucas as almas com nos cruzámos, numa espécie de apelo ao silêncio, ao profundo recolhimento e à paz eterna daquele cujas cinzas levávamos para ficar junto dos «seus».
Não te podiam encontrar melhor «regaço», na terra dos teus antanhos, para descansares em paz, Pedro!