Poesia e Fotografia 183
POESIA E FOTOGRAFIA
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
PEQUENA PRECE
Vem, humilde canção,
Que humildemente espero.
Onde te quero
E onde sei que te posso receber.
Vem, pequena ilusão
De viver.
Gerês, 8 de Agosto de 1949
Saltar para: Posts [1], Pesquisa [2]
POESIA E FOTOGRAFIA
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
PEQUENA PRECE
Vem, humilde canção,
Que humildemente espero.
Onde te quero
E onde sei que te posso receber.
Vem, pequena ilusão
De viver.
Gerês, 8 de Agosto de 1949
POESIA E FOTOGRAFIA
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
FOME INDECISA
Como hei-de saber o que desejo,
Se tudo o que não tenho me apetece?
A minha vida é mesmo essa quermesse
Negativa.
Vivo
A sonhar ser conviva doutro banquete.
Coimbra, 26 de Julho de 1949
POESIA E ARTE
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
HORA DE AMOR
Vem.
Adormece encostada a este braço
Mais débil que o teu.
Entrega-te despida
Nas mãos de um homem solitário
Que a maldição não deixa
Que possa nem sequer lutar por ti.
Vem,
Sem que eu te chame, ou te prometa a vida.
E sente que ninguém,
No descampado deste mundo, tem
A alma mais guardada e protegida.
Coimbra, 7 de Julho de 1949
POESIA E FOTOGRAFIA
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
UMA BRANCURA AO LONGE
Vela aberta nas ondas da aventura!
Só a força do sonho te levanta
E no meio do mar te crucifica!
Mas só deitado nos teus braços canta
O coração do vento, que trafica
Na fronteira imprecisa
Que separa a bonança
Da tempestade...
Chamo do isolamento!
Corola de uma flor em movimento
Que procura o jardim na imensidade.
Costa Nova, 3 de Julho de 1949
POESIA E ARTE
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
ESTIAGEM LÍRICA
O Mondego secou.
Outro Camões agora que viesse,
Tinha apenas areia
Com que apagar a tinta da epopeia
Que escrevesse.
Pobre da linda Inês já sem ervinhas
Onde pastar a lírica saudade!
Tão verdade
É morrer neste mundo a própria morte...
Nem ao menos a água que bebia!
Vejam que negros fados
Da sorte
E da Poesia...
Coimbra, 24 de Junho de 1949
POESIA E FOTOGRAFIA
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
REIVINDICAÇÃO
Inspiração
Ou não,
Dá-me o que já é meu.
Entrega-me a canção
Que te dei a guardar.
Ou cuidarás que é teu
O lume da fogueira
Que acendi?
Eu já era poeta
Quando te conheci.
Coimbra, 4 de Junho de 1949
POESIA E FOTOGRAFIA
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
TENTAÇÃO
Mar,
Sepultura sonora:
Era em ti, a boiar,
Que gostaria de dormir agora.
S. Pedro de Muel, 23 de Maio de 1949
POESIA E FOTOGRAFIA
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
CONTRA A DESTRUIÇÃO
Não. Não consigo lembrar-me.
Foi um beijo de amor que arrefeceu.
Só pequenino, e novamente ao colo
Da que morreu,
Eu poderia refazer o solo
Dessa canção que agora se perdeu.
Não. Não consigo, nem quero
Trazer das trevas da recordação
A partitura fria
Dessa materna e simples melodia
Que era o berço de paz e emoção
Onde a minha inocência adormecia.
Coimbra, 6 de Maio de 1949
POESIA E ARTE
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
NEGATIVO DE UMA CANÇÃO DE EMBALAR
Não. Não consigo lembrar-me.
Foi um beijo de amor que arrefeceu.
Só pequenino, e novamente ao colo
Da que morreu,
Eu poderia refazer o solo
Dessa canção que agora se perdeu.
Não. Não consigo, nem quero
Trazer das trevas da recordação
A partitura fria
Dessa materna e simples melodia
Que era o berço de paz e emoção
Onde a minha inocência adormecia.
Coimbra, 6 de Maio de 1949
POESIA E ARTE
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
VAGABUNDAGEM
Já me servia ser
Marinheiro num rio.
Pilotar um navio
De trazer lenha de Penacova...
Ter uma vela
Nesta aguarela
Que se renova.
Coimbra, 21 de Abril de 1949
17 seguidores
A subscrição é anónima e gera, no máximo, um e-mail por dia.
É urgente viver 👏👏
Em que livro posso encontrar este poema?
Olá, por acaso tem a análise deste poema?
Olá, por acaso tem a análise deste poema?
Poesia em cada palavra.