O MEU ADEUS A UMA GRANDE MULHER PORTUGUESA
Aqui fica a minha homenagem a uma grande senhora neste poema de Jaime Cortesão, um dos combatentes na Frente e pela Liberdade, na I República.
Aprendi a admirar ambos pelos seus exemplos de vida.
"Ode à Liberdade"
"Quero-te, como quero ao ar e à luz
Porque não sou a ovelha do rebanho,
Nem vendi ao pastor a alma e a grei;
E onde não haja mais do que o redil,
És tu a minha pátria e a minha Lei.
(...)
Leva-me ao teu sopro, éter divino,
Porque me queima a sede das alturas
E o meu amor se oferece sem limite;
E és tu que abres as asas aos condores,
És tu que ergues os astros ao zénite.
Toma-me nas tuas mãos de sagitário,
Faze de mim o arco retesado
Pelo teu braço e a tua força inquieta,
Pois, quando o meu desejo atinge o alvo,
És tu o impulso que dispara a seta.
É lá, sempre mais longe, além do Oceano,
Nos limites do Mundo conhecido,
Em plena selva e onde há que abrir a senda,
Que eu quero devorar os frutos novos
E erguer à beira de água a minha tenda.
(...)
Gerou-te, lentamente, com revolta
E dor, a consciência dos escravos;
Renasce mais perfeita a cada idade;
E, sempre, com as dores cruéis do parto,
Dá-te de novo à luz a Humanidade.
Querem mãos assassinas sufocar-te
Nas entranhas maternas. Mas em vão.
Virás como a torrente desprendida,
Porque és o sopro e a lei da Criação
E não há força que detenha a Vida."
Jaime Cortesão
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(Foto do Expresso)