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zassu

17
Mai14

Jantar de Homenagem a Américo Peres

JANTAR DE HOMENAGEM A AMÉRICO NUNES PERES

 

 

 

Ontem a cidade de Chaves levou a cabo uma homenagem ao meu amigo, Américo Nune Peres, por altura em que passou à situação de aposentado de professor-educador na preparação, de mulheres e homens, que, como educadores, estão formando para a vida as nossas novas gerações.

 

A cidade, através dos seus representantes institucionais, amigos, colegas e aqueles que foram seus formandos, tendo por base uma Comissão Organizadora, fez uma justa homenagem a um homem que, não sendo flaviense de «gema», ao longo de toda uma vida ativa, foi um prestigiado investigador e professor universitário. Numa Universidade que sempre serviu com desvelo e competência. E que gostava, no âmbito de atuação territorial, tivesse raízes mais próximas e firmes com os territórios da sua proximidade, contribuindo, mais e melhor, como instituição de investigação e formação, para o seu desenvolvimento. Queria um Pólo de Chaves da UTAD à altura dos altos desígnios desta instituição, com um vínculo mais efetivo a esta terra flaviense, e todo o Alto Tâmega, chamando a uma participação, mais fecunda e profícua, as instituições de igual índole galegas, num trabalho em comum, em prole das gentes que, vivendo os mesmos problemas, e portadoras da mesma matriz cultural, jamais, ao longo da história, nenhuma fronteira as dividiu.

 

A falta de visão de futuro de uns e a mesquinhez de muitos outros não deixaram levar por diante esse sonho de um autêntico Pólo Universitário, com uma verdadeira Academia, em Chaves.

 

Ficou, porém a semente. Porque é isso que verdadeiramente importa. Mesmo que o terreno seja mesmo muito adverso. É este exemplo de perseverança, este legado de sonho e luta, de pessoa civilizada, mas sem tibiezas, que Américo Peres Nunes Peres nos deixa. Obrigando-nos a todos nós, flavienses, a refletir que desenvolvimento queremos e em que termos o queremos para a nossa terra.

 

Como amigo e colega e, mais tarde, como autarca, fui com ele cúmplice e interveniente em muitas iniciativas, projetos e ações que levámos a cabo em prole desta terra que trazemos no coração.

 

Por isso fiquei emocionado, no pequeno diaporama que a Organização produziu, ao ver desfilar quase trinta anos de trabalho em que as nossas vidas tantas vezes se entrecruzaram.

 

E não resisti em frisar essa circunstância, proferindo simples palavras que meu coração naquele momento especial me pedia para que as dissesse.

 

Não sei se foram breves. Sentidas, sem sombra de dúvida.

 

Como aliás foram as de todos que ontem à noite, pegando no microfone, disseram o que lhe estava na alma naquela ocasião.

 

Sem desprimor pelas palavras dos restantes intervenientes, e com a devida autorização do seu autor - Gastão Bianchi -, gostaria de deixar aqui expressas as suas palavras.

 

Porque proferidas por alguém que, para além de um bom colega e amigo, entende que a vida deve ser vivida como um ato de amor.

 

E, para o efeito, nada melhor do que a poesia, para expressar os sublimes sentimentos e afetos que nos vão na alma e nos unem.

 

Ei-las aqui, pois, à vossa partilha, mostrando que o mais importante, neste nosso breve caminhar que é a vida, é o companheirismo e o afeto que compartilhamos com o nosso colega, amigo, semelhante.

 

 

"AMÉRICO

 

Uma pessoa nem sempre é o que se pinta...

 

Se um dia me pedissem para te pintar, Américo,

mesmo que eu fosse um excelente pintor,

o que, como bem sabes, não é o caso,

 iria ter muita,

muita dificuldade... 

principalmente, nas cores...

Começaria pelo azul.

Azul dos mares, dos mares que navegas

nas viagens dos teus sonhos por um mundo melhor.

Azul do céu...

deste céu que nos cobre a todos como iguais,

como filhos da mãe natureza.

Mas, só azul era pouco, muito pouco.

A monocromia não se coaduna contigo,

com a pessoa que és.

Pintar-te-ia, então, com um pouco de branco,

não o branco da pele,

mas o branco da pomba e da bandeira,

o branco da paz.

Azul e branco, bonito digo eu!

Mas... continuaria a ser pouco.

Agora, utilizaria o verde.

Verde esperança...

da esperança na concretização dos teus ideais,

da igualdade, da fraternidade,

da interculturalidade...

Não precisaria de pensar muito,

para ver que ainda seria pouco...

Pouco Américo!

Passaria, então, para o amarelo.

O amarelo do sol,

do sol que nasce para todos,

que nos ilumina e aquece por igual,

o sol sem dono, livre e companheiro...

cúmplice de tantas cumplicidades.

Começaria a nascer o teu retrato, Américo,

a minha pintura de ti.

No peito, pintar-te-ia uma flor.

Uma flor?

Sim, uma flor com pétalas de todas as cores,

vermelhas, rosa, azuis, castanhas, laranja, amarelas, pretas,

brancas, verdes, roxas, violeta...

todas as cores possíveis e imaginárias,

que, assim juntinhas,

representariam o respeito por todos,

o teu respeito por todos,

o respeito que sempre demonstras

pelas ideias do outro,

pelas suas crenças,

pela sua maneira de ser e de estar...

Uma flor policromática, empática

e democrática!

Desenharia um balão,

que segurarias na tua mão.

Um balão cheio, bem cheio de amizade...

e branco.

Branco da paz, da calma e da pureza...

da pureza do Francisco e do Rafael.

Branco do homem puro que és!

Dar-te-ia uns retoques com outras cores.

Cores que simbolizassem a paciência,

a sabedoria, a cidadania,

a dignidade, a sinceridade...

Ainda não estarias totalmente pintado, Américo...

Uma pessoa como tu não é só o que se pinta."

 

 

Chaves, 15 de Maio de 2014

Gastão Bianchi

 

 

António de Souza Silva

16. Maio. 2014

02
Mai14

Criação do Grupo «Militares de Chaves na Grande Guerra 1914-1918

 

 

MILITARES DE CHAVES NA GRANDE GUERRA 1914-1918

 

 

Comemora-se este ano 100 anos da Grande Guerra na qual Portugal teve uma participação ativa.

 

Quando se fala da Grande Guerra aos portugueses, apenas, ou quase sempre, um único acontecimento lhes ocorre ou vem à memória - La Lys.

 

Há quem compare a Batalha de La Lys a um segundo Alcácer-Quibir.

 

Não partilhamos dessa visão tão catastrófica da nossa história e do nosso desempenho militar, evidenciando, porventura, um nítido desprestígio das tropas portuguesas que tomaram parte do conflito e que integraram a frente de guerra, em especial na Flandres.

 

Foi gente do mais puro e genuíno que o povo português tinha e que, perante as adversidades da convocatória, das deficiências da sua preparação para este tipo de guerra, da pobreza de recursos em material, dos conflitos internos, com quezílias e instabilidade política, e da enorme máquina destruidora que a nova produção industrial militar dos países imperialistas produziram para matanças em série, em condições de terreno adversas e clima difícil, se bateram «bravamente».

 

É dessa gente, desses bravos soldados que aqui queremos que se fale.

 

Infelizmente, a história oficial apenas nos apresenta meia dúzia desses «heróis». Tudo o resto é apelidado de Soldado Desconhecido.

 

Também não admira. Num país que à altura tinha 75% da sua população analfabeta, quem se lembraria de falar dos atos de coragem e bravura do soldado ... «desconhecido»!

 

Se alguma informação dessa gente «brava» e desconhecida nos chega, é (ou foi), na maioria dos casos, pelos relatos ou história dos «Aliados» que conviveram e viram como a gente pura e brava lusitana combatia a seu lado naquelas condições tão adversas e precárias.

 

Há que «desenterrar» o Soldado Desconhecido que tomou parte no conflito e chamá-lo pelo seu verdadeiro nome. Pelo seu nome próprio.

 

Sabemos que o Arquivo Histórico do Exército está fazendo um trabalho exaustivo em relação a todos os militares que integraram o Corpo Expedicionário Português (CEP) que foi para a frente da guerra europeia, de 1916 a 1918, na Flandres, através da digitalização do Boletim Individual de cada militar, dando-o a conhecer ao grande público online, no sítio da internet http://arqhist.exercito.pt/ (pesquisa no Digitarq e no Memorial). Está, contudo, muito longe de estar completo!...

 

Quanto às tropas dos dois quarteis de Chaves de altura - Regimento de Infantaria 19 (RI 19) e Regimento de Cavalaria 6 (RC6), mais tarde daqui transferido, sabemos:

  • Em Janeiro de 1915, partiu uma força (um batalhão?) para Moçâmedes, sul de Angola;
  • Em 21 de Maio de 1917, pelas 24 horas, partiu a pé de Chaves para tomar comboio em Vidago com destino a Lisboa e, depois de navio, para Brest, um batalhão. Este batalhão tinha regressado da campanha de África no ano anterior e constituiu o 2º Depósito de Infantaria do CEP, ou seja, batalhão de reserva, para suprir a faltas de elementos que viessem a ocorrer (doença, morte, impedimento ou outros motivos) nas unidades que foram autonomamente mobilizadas de outros Regimentos, considerando-se, assim, estes militares «em diligência» naquelas referidas unidades;
  • a 29 de Agosto de 1917, dá-se uma 2ª mobilização das tropas do RI 19, de Chaves, provavelmente apenas dois pelotões, que, via Mirandela e Bragança, se dirige de Lisboa para Brest em navio;
  • Em 1918, dá-se uma 4ª mobilização do RI 19 para o norte de Moçambique.

Quanto aos militares do RC6 nada sabemos em concreto, a não ser que também houve gente mobilizada para as três frentes de batalha.

 

O que se pretende com a criação deste Grupo «Militares de Chaves na Grande Guerra 1914-1918» é saber:

Quem foram os militares de Chaves (do seu RI 19 e RC 6, entretanto transferido) que partiram para as três frentes de combate, em especial na da Europa/Flandres?

 

São quatro as razões essenciais deste nosso intento:

  • 1.- Tirar do anonimato, da designação de Soldado Desconhecido, o militar flaviense, sabendo o seu nome próprio;
  • 2.- Em seguida, saber a localidade donde era natural;
  • 3.- Depois, a unidade em que se integrou na frente de combate;
  • 4.- Finalmente, saber se sobreviveu; ficou ferido; ou prisioneiro (onde?) ou morreu.

Com estes dados (documentos, relatos, testemunhos, informações ou fotos) pretendemos contribuir para aclarar melhor a história, dando o devido realce aos «bravos» flavienses que, «em diligência» noutras unidades da frente de batalha, em particular nas trincheiras da Flandres, honraram a(s) sua(s) unidade(s) de origem (RI 19 e RC 6),

  • Chamando-os pelo seu nome próprio;
  • Trazendo aqui a «memória» daquilo que por lá passaram (obviamente na 3ª pessoa, pois praticamente todos já não fazem parte do mundo dos vivos. Mas deixaram «memórias» que outros, particularmente seus familiares, podem (e devem) contar, honrando a sua Memória;
  • Desmistificando, porventura, alguns factos;
  • Contribuindo, em suma, pela reconstituição desta Memória, que se pretende que seja viva e, tanto quanto possível, para melhor aprimorar a História e realçar, repito, com o nome próprio, o papel dos valentes e bravos flavienses - hoje ainda a grande maioria com a designação de Soldado Desconhecido - fazendo-se, desta feita, jus à grande tradição de lutadores e defensores da Pátria, que Chaves e as suas gentes tem no contexto da História Nacional.

 

A palavra, ou melhor, «o testemunho» é agora seu, caro (a) amigo (a) leitor (a).

 

Nota de fim de página - Não foi por acaso que se escolheu a foto da página do Grupo. Trata-se do desfile da Vitória, em Paris. Comandam as forças portuguesas em parada dois «ilustres» flavienses.

 

António de Souza e Silva

Administrador do Grupo «Militares de Chaves na Grande Guerra 1914-1918»

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