12
Mar18
Poesia e Arte 74
POESIA E ARTE
POEMAS NOS DIÁRIOS DE MIGUEL TORGA
ARRITMIA
A vida é lenta quando a morte tem pressa.
Faço ao corpo a promessa
De que vai acabar em breve o sofrimento
Que o tortura.
Mas, da sua clausura,
O coração,
Na cega obsessão
Com que nasceu,
Diz que não, diz que não,
A baralhar o tempo em cada pulsação
Como um relógio que endoideceu.
Coimbra, 6 de Janeiro de 1991