07
Jan18
Poesia e Fotografia 551
POESIA E FOTOGRAFIA
POEMAS NOS DIÁRIUOS DE MIGUEL TORGA
AUSÊNCIA
Desertaram do largo e dos meus olhos
As pombas que na hora de lirismo
Urbano
Eram neles a metáfora feliz.
Uma estátua de bronze, onde pousavam
E se amavam,
Lê não sei o que diz
Um decreto apagado no metal.
Com a sua preguiça habitual,
O rio vai correndo
Para o poente.
E sinto, angustiado,
o coração bater descompassado
Nos versos que a tristeza me consente.
Coimbra, 17 de Outubro de 1984