Encontros - Cena 13:- Mensagem de Boas Festas (ou o meu desejo natalício)
MENSAGEM DE BOAS FESTAS
(OU O MEU DESEJO NATALÍCIO)
Somos herdeiros de uma cultura que se habituou a ver no Natal o espírito da Família e da Solidariedade.
Apesar do conceito de família e da solidariedade, ao longo dos anos, se ter alterado profundamente, é bem verdade que a família, e ainda não se passaram assim tantos anos, que entrava no nosso espírito natalício, era muito mais extensa e mais inserida num contexto comunitário, mais próprio de um país e de uma sociedade confinada e com profundas raízes rurais.
E a solidariedade que aí se praticava era mais verdadeira, genuína, autêntica. Não era estratégia de marketing nem tão pouco «caridadezinha».
Nem todo o espírito de Natal que hoje se vive me convence.
A sociedade em que vivemos entrou em profunda crise porque deixou que a noção de solidariedade fosse substituída pelo endeusamento do «narciso», sujeito para o qual não há limites.
Durante longos anos vivemos neste «caldo de cultura» individual e que nos trouxe até aqui.
É nos momentos de aperto e crise que melhor aferimos o verdadeiro espírito natalício.
Que nos obriga a pensar e a refletir que, no final de contas, todos os dias devemos viver, partilhar deste espírito natalício. Espírito de morte, que traz consigo o de (re)nascimento de uma nova e renovada vida. Que nos impele e exige que sejamos, também todos os dias, solidários.
Não apenas no «pão» que falta na mesa neste dia, mas em todos os dias.
E em tudo. Exigindo uma maior justiça e redistribuição da riqueza.
Uma sociedade que reduz o Homem a uma simples engrenagem e o trata como uma simples mercadoria é injusta, desumana e antidemocrática.
Porque a democracia tem o Homem como o seu centro nevrálgico e vital. Homem-cidadão portador de direitos, como o de viver uma vida condigna numa sociedade que deve pugnar pela equidade.
Por isso, o meu desejo natalício para o próximo ano, que aí vem, é só um - o termos, como povo e sociedade, a coragem de lutar por implementar e conquistar uma única e verdadeira reforma de que tanto carecemos - o «abatermos» o fosso entre os cada vez muito mais pobres e os cada vez muito menos e muito mais ricos.
Porque é, assim desta forma, que o verdadeiro espírito natalício (com a apologia da Família e da Solidariedade), vivido nesta quadra, se comemora e cumpre!
A todas e todos os meus amigos, um Feliz Natal e um Bom Ano Novo, vivido e imbuído deste espírito.
Augusto Santos Zassu