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08
Mar13

Encontro(s) - Cena 8:- Primeiro e Segundo Sexo? Feminismo ou efectiva partilha?

 

 

Primeiro e segundo sexo? Feminismo ou efectiva partilha?

 

(Duas mensagens e um testemunho à volta da

Tertúlia "Recordar Mulheres da História de Chaves"

por ocasião do Dia Internacional da Mulher)

[*]

 

 

Ser mãe não é um estatuto,

é um presente da vida.

Ser mulher é essencial.

Em igualdade de destino com os homens.

 

Valérie Toranian – Ao Encontro das Mulheres


 
 

 

Duas palavras prévias

 

Antes de tecer algumas considerações, para reflexão, nesta Tertúlia "Recordar Mulheres da História de Chaves", por ocasião do dia 8 de Março, convencionado como o Dia Internacional da Mulher, gostaria de primeiro dizer duas palavras, a título prévio.

 

A primeira de agradecimento ao meu querido amigo António Almeida e à Brigite Bazenga Gonçalves: um, pelo gosto em eu estar aqui presente; outra, pelo convite que me foi dirigido para estar aqui neste evento sobre a efeméride que hoje comemoramos.

 

Se é certo que, desde 1997, altura em que, por motu próprio, deixei a vida político-partidária activa, e decidi, pura e simplesmente, remeter-me à militância de base, deixando o palco para outros actores e protagonistas, também é certo que a vertente de cidadão participativo na sociedade nunca esteve ausente das minhas preocupações.

 

Tenho da política uma visão de serviço, e não de carreirismo, e, cumprido que foi o meu desempenho, dentro dos prazos que, na altura, acordei com os meus camaradas que estiveram comigo no projecto que nos levou ao poder autárquico em 1989, achei por bem remeter-me ao silêncio político-partidário, sem contudo, como cidadão, deixar de ter e exprimir opiniões. Trata-se de um direito inalienável – o da liberdade de expressão – que jamais engendrei ou sequer renunciei.

 

Nos tempos em que vivemos, não basta dizermos que vivemos numa democracia. A democracia representativa, só por si, não basta. Urge criarmos condições para que todos, com verdadeira vontade, participem na construção de um Portugal e de uma Europa de verdadeiros cidadãos, com autêntico rosto humano. Em que a economia esteja submetida à política. Em que a política se faça mais para o cidadão concreto e saiba cuidar e preservar o Ambiente, a Terra-mãe donde viemos, aonde vivemos e, que um dia, nos acolherá no seu seio.

 

A segunda e última palavra prévia. Em boa verdade deveríeis ser vós, mulheres, hoje, a tomar primacialmente a palavra. Tomar a palavra para, a partir do exemplo de muitas outras mulheres, dizerdes o que, na condição de mulheres, no mundo em que vos é dado viver, o que vos vai na alma. Porque, certamente, tendes muito a dizer. Porventura a desabafar, mas, essencialmente, lutar, no sentido de todos nós – mulheres e homens – juntos, construirmos uma sociedade mais justa, equilibrada, equitativa e solidária. Sem preconceitos. E todos, efectivamente, iguais.

 
 

***

Valérie Toranian, no seu escrito Ao Encontro das Mulheres (Pour en finir avec la femme, no original), logo no início da sua comunicação, diz que nunca a sociedade em que vivemos valorizou e glorificou tanto os «valores» femininos. O fenómeno não é apenas moderno, é a modernidade – é bem mais subtil que o masculino e bem menos antiquado. Mas, quando falamos em mulher, a coisa já muda de figura. Diz a autora que, porque positiva, compreensiva, corajosa, a mulher é inquietada pela vida, já que ela própria dá a vida. É aberta ao diálogo. Não se deixa escravizar pelo seu ego. Vive na compaixão, na preocupação com os outros, é realista e pragmática…

 

Na verdade, na hora das celebrações e dos discursos, a virtude da mulher pesa toneladas nos seus ombros, mas coisa pouca na balança.

 

Dizemos que as mulheres são extraordinárias, especiais, formidáveis. Mas, num mundo quase todo ele moldado pelos homens, elas continuam muitas vezes fora do jogo.

 

Diz, e bem, a autora, «estamos mais acostumadas às menções honrosas do que aos primeiros prémios».

 
 

Sou homem e, como tal, eu próprio tenho as minhas próprias limitações para, num dia em se se celebra o Dia da Mulher, aquilo que foram e são as suas lutas e o novo mundo em que pretende viver, me pôr na vossa pele, fazendo eco das vossas reclamações, vendo o vosso lado, enfim, sentindo os vossos desejos.

 

Por isso, aqui vos deixo duas mensagens, saídas da alma, e escritas pelo punho de duas mulheres cujos seus escritos admiro: uma, contemporânea da Revolução das Luzes, Olympe de Gouges; outra, nossa contemporânea, a já referida Valérie Toranian.

 

Na parte final, deixo-vos o meu testemunho pessoal.

 

 

Mensagem de Olympe de Gouges

 

 
 

No tempo da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, nascida da Revolução Francesa (1789), ela mesma inspiradora da Declaração Universal dos Direitos do Homem (1948), Olympe de Gouges, em 1791, apresentava uma versão crítica da Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão. A (sua) Declaração de 1791 não é uma simples imitação da Declaração de 1789, onde a palavra Homem é apagada e substituída por Mulher. Olympe de Gouges inscreve a mulher, até então esquecida, demonstrando, desta forma, que a nação é efectivamente bissexuada e que a diferença sexual não pode ser postulado em política, nem na prática da cidadania.

 

Os dezassete artigos da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, de Olympe de Gouges, enunciam princípios que se querem universalistas e imortais: o direito de todo o ser humano à liberdade e igualdade. E contribuem também para definir um novo modelo de identidade feminina através dos direitos da mulher participativa, de acordo com a visão que a sua autora faz de uma sociedade justa, quando diz que se «… a mulher tem direito de subir ao cadafalso, deve igualmente ter o direito de subir à Tribuna …» (artigo X).

 

Olympe de Gouges traçou um caminho que  abre novos horizontes para as mulheres contestatárias da sua época, ao propor a criação de um novo sistema político e a redefinição de toda a hierarquia social, reclamando o seu direito ao reconhecimento.

 

Cheios de ideias inovadoras, os numerosos escritos de Olympe de Gouges constituem o húmus de uma nova Revolução: os movimentos feministas.

 

Contudo, e apesar de um progresso notável no reconhecimento dos direitos das mulheres e das minorias e das respectivas conquistas que se seguem às lutas das mulheres, constata-se que o princípio igualitário entre os indivíduos é combatido ou eclipsado tanto no século XIX como no XX, por outras doutrinas que fazem regredir os avanços democráticos que os povos crêem definitivamente adquiridos.

 

E, se o século XXI se pretende uniforme e igualitário, os homens e as mulheres vivem, no entanto, uma época de paradoxos, onde as sociedades são sempre diferenciadas e hierarquizadas.

 

Vejamos, assim, um excerto de um texto, escrito pela mulher-autora da Declaração dos Direitos da Mulher e da Cidadã, que a candidata socialista às presidenciais francesas de 2007, Sègoléne Royal, caso viesse a ganhar, se comprometia a transferir as suas cinzas para o Panteão Nacional, em Paris, tentando federar as mulheres à volta da sua candidatura:

 

Homem, és capaz de ser justo? É uma mulher que te faz esta pergunta; não a privarás, pelo menos, desse direito. Diz-me, quem te deu o supremo poder para oprimires o meu sexo? A tua força? Os teus talentos? Observa o criador em sua sabedoria; percorre a natureza em toda a sua grandeza com que julgas estar em harmonia e dá-me, se tiveres coragem, o exemplo desse direito tirânico. Observa os animais, consulta os elementos, estuda os vegetais, examina, por fim, todas as alterações da matéria orgânica e rende-te à evidência quando te dou os meios; procura, investiga e distingue, se quiseres, os sexos na administração da natureza. Em toda a parte encontrá-los-ás misturados, em toda a parte eles cooperam num conjunto harmonioso para esta obra-prima imortal.

 

O homem sozinho é que transformou em princípio essa excepção. Bizarro, cego, inflado de ciências e degenerado, neste século de luzes e sabedoria, na ignorância mais suja, quer comandar como déspota sobre um sexo que recebeu todas as faculdades intelectuais; pretende usufruir da Revolução e reclamar os seus direitos à igualdade, para não dizer mais nada”.

 

 

Eis, agora, as palavras de Valérie Toranian:

 

Mensagem de Valérie Toranian 

 

 

 

A sociedade, tão orgulhosa por nos conceder os nossos direitos, afiança-nos que está disposta a virar costas aos séculos de domínio masculino e estender-nos os braços. Porque não deixá-la andar? Porque não acreditar nesse mundo melhor, embelezado com as cores do feminino? Porque é um jogo de enganos. Porque acreditar nisso é reconhecermo-nos, uma vez mais, num destino modelado pela nossa suposta essência e pelos séculos dos séculos. A mensagem é sempre a mesma: nada iguala essa natureza feminina, nada se assemelha a esse poder de dar vida; e aliás as mulheres são as primeiras a reivindicar a experiência perturbadora da maternidade. Estamos todos e todas de acordo, e é aí que reside o essencial, o sal da existência.

 

O que há então de novo nas mulheres? Nada. É claro, considera-se formidável que estudemos, que trabalhemos, que tenhamos ambição. Mas uma vez que tem o papel e o poder de educar os filhos, e como se sabe o quanto estamos ligadas ao seu futuro, é connosco que se conta.

 

Espera-se de nós a iniciação a Mozart in utero. Espera-se de nós o aleitamento a pedido, os carros com airbags, os cereais de crescimento rápido. Espera-se de nós as cápsulas de Omega 3, o carrinho das compras, os cursos particulares, os tratamentos preventivos dos dentes, dos pés chatos, da falta de auto-estima. Espera-se de nós o voto «verde», pois somos evidentemente mais conscientes que os homens, em relação aos níveis de poluição, às bronquites fulminantes e aos cancros provocados pelo ambiente. Espera-se de nós que sejamos ponderadas e que não nos precipitemos para as urgências hospitalares ao mais pequeno dói-dói porque – alto aí! – a sociedade já não tem meios para pagar e aliás « quem precisa ser tratada é a senhora, não o seu filho; você está de tal modo angustiada que é em si que reside a doença». Espera-se de nós que restabeleçamos a autoridade do pai, da mãe, do professor, do polícia. Espera-se de nós que eduquemos a elite, pois – não é segredo, todos sabemos – as crianças cujas mães acompanham os trabalhos escolares são sempre as mais bem sucedidas na escola. Espera-se de nós que não criemos gordos e preparemos refeições equilibradas para os nossos filhos, com cinco frutos e legumes frescos diferentes todos os dias. Espera-se de nós gerirmos tudo com um sorriso: não fomos nós, ao fim e ao cabo, que quisemos? (…) Espera-se de nós que demos o exemplo, que sejamos harmonia e equilíbrio, que sejamos presentes e empenhadas, para sermos, diante dos nossos filhos, um bom modelo e não uma mãe culpabilizada e esgotada; caso contrário, como quer a senhora que eles se desenvolvam? Nada disto é uma brincadeira…

 
 

(…) Será que existe uma mulher para lá da mãe? Procuremo-la. O seu estatuto é muito menos claro. Ela não desperta o mesmo entusiasmo. A sua essência sublime é menos identificável. Na maioria dos casos, a mulher é a mãe. Tal reflecte uma confusão dos papéis e dos estatutos, do género e do destino biológico. Quando as mulheres são solicitadas, consultadas, integradas no debate, uma em cada duas é para que exponham o seu ponto de vista de mulher (como se houvesse UM ponto de vista de mulher!). E um ponto de vista de mulher é, bem entendido, uma opinião abalizada sobre assuntos de mulher, e de mãe (…)

 

Que queremos nós verdadeiramente? A maioria de nós responde: a carreira e os filhos (…) Nós, que somos as campeãs da corrida de obstáculos, deveríamos pôr mais vezes este dom interessante ao serviço da nossa carreira. E não nos privar desse prazer.

 

O poder continua a ser um tabu para as mulheres, pois elas ainda ousam pouco virar-se para ele (…) Mas o poder é uma licença de construção. Não se pode querer a mudança e continuarmos fechadas na impotência e na amargura”.

 

O meu testemunho pessoal

 

 

No que respeita à História de Chaves sou um simples e humilde aprendiz. E, quando se fala da sua história em que entra a mulher, então sou, simplesmente, um autêntico ignorante. Mas também sei, de experiência feita, que, embora a história reze algumas delas, individualmente falando, o certo é que a mesma se constrói não apenas com uma ou duas personalidades. Constrói-se, faz-se, com todas, com todos.

 

Neste sentido, aqui, pois,  vos deixo o meu testemunho pessoal.  

 

  

 Fui mais de dez anos formador, da formação inicial, dos professores do primeiro ciclo e de educadores de infância. Seguramente cerca de 90% desses formandos eram do sexo feminino.

 

Durante quatro anos fui coordenador da formação contínua dos professores do primeiro ciclo na área do Alto Tâmega, abrangendo os concelhos de Boticas, Chaves, Montalegre, Ribeira de Pena, Valpaços e Vila Pouca de Aguiar. Seguramente mais de 98% desses professores eram do sexo feminino.

 

Posteriormente, enquanto autarca responsável pelo sector da Educação, no Município de Chaves, durante oito anos (dois mandatos), relacionei-me com todos os problemas que, no terreno, a administração da formação das nossas crianças, dia-a-dia, nos eram postos, no sentido de os tentar resolver: desde a qualidade das instalações, alimentação, transportes escolares, etc. A mulher-formadora era, na sua esmagadora maioria, o meu interlocutor privilegiado.

 

Porventura muitas daquelas mulheres seguiram aquela carreira de educadoras por acharem ser a sua condição de mulher mais adequada para aquela função, como uma espécie de prolongamento do (seu) papel de mãe, tendo em vista os condicionamentos culturais em que foram educadas.

 

 

Não possuo estudos que cabalmente me confirmem esta asserção.

 

Posso, contudo, testemunhar a seguinte constatação: naquelas cidadãs vi, essencialmente, raparigas, e mulheres, que, com entusiasmo e afinco, estudavam para uma profissão em que queriam ser úteis, dando o melhor de si como pessoas.

 

Vi profissionais que, com entusiasmo, se actualizavam, para melhor desempenharem o seu papel em prole das gerações futuras.

 

Vi profissionais que se batiam perante o poder para obterem as melhores condições de aprendizagem para os seus petizes.

 

 

Vi mulheres que se batiam com a consciência que, ombreando, lado a lado, com os homens, na formação e no poder, estavam partilhando, em igualdade de destino com eles, o mundo, ao desempenharem a função de preparar da melhor forma as jovens gerações para uma sociedade mais complexa, que queriam mais justa, solidária e fraterna.

 

Fazendo-me crer, todos os dias e a toda a hora, que a liberdade, a igualdade e a fraternidade, proclamadas pelos Revolucionários das Luzes não é uma conquista adquirida para sempre. É de todos os dias. Para homens e mulheres. Lado a lado. Porque, ambos, partilham o mesmo destino.

 

É, assim, com este estado de espírito que, nesta Tertúlia, celebro este Dia Internacional da Mulher, e presto homenagem a todas as mulheres que no concelho de Chaves ajudaram, e têm ajudado, a construir um mundo melhor pela formação das gerações futuras.

 

 Não com uma luta (feminista) contra o homem. Mas, sim, uma luta afincada pelo direito de não haver primeiro e segundo sexo. Porque o sexo não tem grau. Simplesmente homens e mulheres.  Embora diferentes, mas iguais nos direitos e no tratamento. No mesmo objectivo comum de construção social. Sem palavras falsas. Sem retórica hipócrita.

 

Enfim, ao chamar aqui à colação uma classe de mulheres, nesta Tertúlia, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, outra coisa não pretendo, como homem, de prestar a minha singela homenagem, com simpatia e apreço, a essas mulheres que, profissionalmente, passaram pela minha vida.

 

Porque, no final de contas, ao partilharem, com companheirismo, a função social a que cada um, diferentemente, era chamado, ajudaram-me a desfazer o mito do primeiro sexo contra o segundo, e vice-versa.

 

E fazerem-me sentir que ocupamos todos o mesmo barco, percorrendo todos o mesmo rio que é a vida.

 
 
 
[*] Comunicação apresentada na Tertúlia "Recordar Mulheres da História de Chaves", por ocasião do dia 8 de Março de 2013 - Dia Internacional da Mulher - no Café Sport, Chaves, às 21.30 horas.

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